O preço dos títulos da dívida da Petrobras emitidos no exterior registra forte queda, em sintonia com o aumento da percepção de risco em relação à empresa. Hoje, os bônus da estatal são cotados a preços equivalentes aos de empresas com maior percepção de risco, os chamados junk bonds. Ou seja, é como se a empresa tivesse perdido a classificação de risco grau de investimento, considerada segura pelo mercado. O movimento tem como pano de fundo sucessivas denúncias de corrupção investigadas pela Operação Lava Jato.
De acordo com fontes que operam no mercado de dívida, o bônus da Petrobras que vence em 2024 registrou queda de aproximadamente 4,2%, saindo de 95% do valor de face na sexta-feira para 91% nesta segunda-feira. Nesse preço, o retorno do papel está em 7,6%, o mais alto desde que foi lançado este ano (quanto maior o retorno, maior a percepção de risco). “A máxima de hoje é a mínima de amanhã”, brincou um operador ao falar da cotação das ações da Petrobras.
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A queda das cotações se acentuou após a empresa adiar, pela segunda vez, a divulgação de seu balanço trimestral na última sexta-feira, em meio às investigações sobre corrupção. As informações veiculadas na semana passada mostram que a Petrobras obteve um prazo maior com credores para que apresente seu balanço sem revisão do auditor. O anúncio dos resultados financeiros deve ocorrer até dia 28 de janeiro do ano que vem.
Com essa medida, a empresa evita que donos dos títulos da dívida exerçam uma cláusula do contrato que a obrigaria a acelerar o pagamento de suas dívidas, caso não publicasse o balanço auditado. Isso mostra a preocupação – e o risco – da empresa em relação à possibilidade de ter de adiantar o pagamento das dívidas.
(Com Estadão Conteúdo)