As longas filas na hora de sacar o dinheiro depositado nas contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) continuam sendo o principal problema para os trabalhadores que escolhem a semana para ir às agências da Caixa Econômica Federal.
Para muitos não é a primeira tentativa de sacar o dinheiro das contas inativas. A autônoma Josefa Elisandra de Jesus Santos, 29, esteve na agência do Ipiranga na última sexta-feira (10), mas desistiu. “Fiquei mais de duas horas na fila, estava indo até o outro lado da calçada”. Com três contas inativas, ela espera receber cerca de 400 reais.
A professora Patrícia Xavier, 29, fez quatro tentativas para sacar o FGTS. Na sexta-feira (10), ela tentou realizar o saque em uma lotérica e foi orientada a ir até uma agência da Caixa, mas depois de duas horas na fila não conseguiu resolver o problema.
Nesta segunda-feira (13), ela foi até uma lotérica no bairro de Ipiranga, mas um erro no cadastro impossibilitou o saque. A nova tentativa para receber o FGTS foi na agência da Caixa, também no Ipiranga, mas com a fila, a professora não sabia se conseguiria sacar o benefício. “Não tentei no final de semana porque sabia que ia estar lotado. Hoje estou aqui e essa fila está enorme.”
Para a pedagoga a divulgação das contas inativas do FGTS foi mal feita. “A população não teve muito acesso sobre os documentos que precisava, os valores que tinham para receber.”
Patrícia quer usar o dinheiro como um “fundo de emergência”.
As autônomas Roseane Rodrigues de Souza, 20, e Thaís Santos de Pontes, 23, não esperavam sair da agência tão cedo na segunda-feira.
Roseane já havia tentado consultar o saque pelo aplicativo, sem sucesso. A autônoma espera receber cerca de 1.400 reais pelas duas contas inativas. Com o dinheiro ela pretende investir.
No fim de semana, Thaís foi ao banco para cadastrar uma nova senha do cartão, mas não conseguiu porque o atendimento era exclusivo para o saque e informações sobre o FGTS. “Na verdade, o movimento estava tranquilo.”
Se não conseguissem retirar o dinheiro pela agência, iriam tentar em uma lotérica. “Minha mãe e meus tios fizeram o saque pela lotérica, o atendimento lá é muito melhor do que nos bancos.”, conta Roseane.
Apesar da demora no atendimento, outros clientes conseguiram fazer o saque, mas não de todas as contas inativas.
Diogo Cândido de Andrade, ajudante, 26, conseguiu sacar o benefício nesta segunda-feira (13), mas uma das empresas em que trabalhou não depositou o valor. Dentro da agência, Diogo recebeu orientações para preencher um documento e tentar resolver a situação. “Vou passar com uma funcionária, para ver se a Caixa resolve com a empresa”. O dinheiro recebido vai ser usado para pagar empréstimos feitos por amigos e familiares.
Já o manobrista Severino Ferreira, 53, não conseguiu receber o dinheiro de todas as 17 contas inativas porque algumas empresas não apresentaram a data do último dia de trabalho. “Vou ter que voltar para entregar uma declaração à Caixa dizendo que eu trabalhei na empresa até determinado período.”
Os trabalhadores também têm de tomar cuidado com falsos torpedos enviados em nome da Caixa. Há cerca de três meses, Ferreira recebeu uma mensagem que dizia que ele tinha 40 mil reais para receber. “Fiquei frustrado porque não tinha nada.”