Reunião desta sexta-feira com a Fenabrave faz parte de uma série de consultas do ministro Mantega junto a representantes de diversos setores
PublicidadeRodada de negociações atende a uma exigência da presidente Dilma Rousseff, que está preocupada com a desaceleração da economia
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Representantes da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) – associação das revendedoras de automóveis do país – reuniram-se nesta sexta-feira com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em São Paulo, para uma ‘reunião de diagnóstico’. Munidos de números sobre o desempenho do setor nos últimos meses, eles foram reclamar com o governo da desaceleração das vendas. “A recuperação do setor automotivo depende do crédito”, disse o presidente da entidade, Flavio Meneghetti, após sair da reunião na sede do Ministério em São Paulo.
As entidades do setor automotivo têm, de fato, números nada bons para mostrar. De janeiro a abril, houve retração de 3,4% nas vendas de automóveis no país. Pátios das fábricas e revendas contavam com 366,5 mil carros no último dia do mês passado. Os estoques das montadoras equivalem hoje a 43 dias. Diante deste quadro, no polo produtor do ABC paulista, por exemplo, Volkswagen e Ford já trabalham com turno de apenas quatro dias por semana.
Cautela dos bancos – Na avaliação da Fenabrave, a queda na comercialização é atribuída à cautela dos bancos em conceder crédito devido ao atual índice de inadimplência. “Dinheiro existe, mas os bancos estão mais seletivos nas concessões de crédito em função da inadimplência”, diz Meneghetti.
Em 2010, a média de aprovação de pedidos de financiamento era de sete em cada dez. Atualmente, essa média está em três. “Isso dificulta bastante. Se conseguirmos melhorar esse valor, o mercado volta a andar”, defende o executivo. O ministro Mantega deixou a reunião sem falar com os jornalistas.
Para a Fenabrave, o ideal é que as condições de financiamento voltem ao patamar observado em 2009 e 2010 – anos em que o mercado cresceu, respectivamente, 12% e 8%. Nessa época, era possível comprar um carro parcelado em 60 meses e sem entrada. Hoje, o tempo máximo é de 40 meses com entrada de 30%. “Queremos uma entrada de 10%, 20%, para que a parcela caiba no bolso do consumidor”, afirma Meneghetti.
Abril – Na 1ª quinzena de abril, o mercado revendedor observou ligeira melhora de 3% nas vendas em relação a igual período do mês anterior. Para a Fenabrave, um dos fatores que contribui para essa melhora foi a atuação do governo ao estimular a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Brasil (BB) a oferecer linhas de crédito com condições mais favoráveis, o que forçou os bancos privados a reagir. “Os bancos públicos entraram e deram uma animada no mercado”, comemora.
A expectativa da entidade é que o mercado experimente uma retomada no segundo semestre ante a esperada redução da inadimplência. Já o crescimento anual para as vendas é estimado em 3,5% num cenário em que o PIB cresce 3%.
Vídeo: A queda dos juros e o risco da inadimplência
Preocupação no Planalto – A reunião desta sexta-feira com a Fenabrave faz parte de uma série de consultas do ministro Mantega junto a representantes de diversos setores. Nesta semana, ele já havia se reunido com executivos das principais montadoras no país. Essa rodada de negociações atende a uma exigência da própria presidente Dilma Rousseff, que está preocupada com a desaceleração da economia.
Há rumores na imprensa de que, na próxima semana, haverá anúncio de um pacote de crédito para o setor automotivo. Meneghetti, no entanto, afirmou que o encontro com o ministro da Fazenda serviu apenas para informá-lo sobre o segmento e que nenhum pacote foi definido.