O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), anunciou nesta quarta-feira uma nova redução dos estímulos monetários injetados mensalmente na economia. A partir de fevereiro, as compras de títulos feitas pela autoridade monetária do país serão de 65 bilhões de dólares ao mês, ante os 75 bilhões vigentes em janeiro. O Fed iniciou sua trajetória de retirada dos estímulos em sua última reunião de 2013, quando as compras mensais estavam em de 85 bilhões de dólares.
O anúncio está dentro do que era aguardado pelo mercado e marca a última decisão de política monetária tomada por Ben Bernanke, dirigente do Fed até sexta-feira. A partir de sábado, a instituição será assumida por Janet Yellen, atual vice-presidente da autoridade monetária.
Segundo o comunicado, o órgão reduzirá suas compras de títulos hipotecários de 35 bilhões para 30 bilhões de dólares, e de títulos do tesouro americano de 40 bilhões para 35 bilhões de dólares. Segundo o comunicado, o Fed observa uma “progressiva melhora” no mercado de trabalho – fato que chancela a contínua redução dos estímulos.
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A política de redução das compras de títulos (que leva o nome de tapering, em inglês) tem criado desequilíbrios preocupantes nos mercados emergentes. Investidores estimam que com a melhora no mercado de trabalho e o fim do afrouxamento monetário, os juros voltem a subir no médio prazo. Com isso, os títulos do tesouro americano, considerados os ativos mais seguros do mundo, se tornaram mais atrativos, deixando de remunerar o investidor com rentabilidade próxima de zero.
Com isso, o risco de se investir em títulos de países emergentes sobe. E, como o investidor, sobretudo o que atua no mercado de câmbio, opera em “manada”, a retirada de dólares súbita dos mercados emergentes acarreta em desvalorização cambial. No final do dia, trata-se de uma questão de redução de liquidez. Ou seja, o tapering deixará menos dinheiro disponível para circular pelo mundo e, para otimizar seus ganhos, os investidores devem se mostrar mais avessos ao risco.
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Para evitar a fuga de capital, países como a África do Sul, Índia e Turquia elevaram suas taxas de juro – o que, automaticamente, melhora a rentabilidade dos investimentos em títulos de renda fixa desses países. Contudo, mesmo com a artilharia de política monetária, as turbulências se mantiveram nesta quarta-feira.
A lira turca perdeu no meio do dia todo o aumento que registrou após o anúncio das taxas de juros. O rublo russo caiu a um nível historicamente baixo frente ao euro e o rand sul-africano perdeu 3%. O real também ampliou sua queda, o que fez com que a cotação do dólar encostasse em 2,45 reais.