O vice-presidente de Assuntos Corporativos da empresa de alimentos BRF, Wilson de Mello Neto, disse nesta sexta-feira que a situação adversa nos portos brasileiros afeta também a cadeia de carnes. “Toda essa situação implica em perdas de vendas, faturamento, não só para a BRF, mas para todas as companhias do setor. Esse gargalo em logística que o país precisa de um foco maior de atenção do governo”, declarou, antes de encontro com o ex-embaixador do Brasil na China, Clodoaldo Hugueney, promovido pelo Conselho Empresarial Brasil-China, na sede da companhia, em São Paulo.
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De acordo com Mello Neto, no caso da BRF, os embarques realizados pelo Porto de Santos, onde a situação está mais crítica, representam, aproximadamente, 5% do volume total dos itens escoados para o exterior pela companhia. “O Porto de Itajaí (SC) já tem uma participação relevante – cerca de 40% a 50% do total do volume. Lá, não está tão crítico como Santos, mas ontem (nesta quinta-feira), por exemplo, o porto foi fechado por péssimas condições climáticas”, disse.
Cancelamento de cargas – Nas últimas semanas, a Rodovia Cônego Rangoni, que dá acesso aos principais terminais de grãos do Porto de Santos, tem ficado constantemente congestionada, com filas quilométricas. Enquanto os motoristas ficam horas estacionados na rodovia sem conseguir chegar ao terminal, os navios não podem atracar por falta de mercadoria.
A dificuldade para o escoamento de grãos nos portos este ano já provocou o cancelamento do embarque de 33 navios de soja comprada por empresas chinesas. A maior comercializadora de soja da China, o grupo Sunrise, disse na quarta-feira que teria “enorme prejuízo” se não cancelasse a compra de 2 milhões de toneladas de soja do Brasil em razão de atrasos nos embarques e negou que a decisão seja uma estratégia para renegociar os preços do produto. O grupo já havia ameaçado na terça-feira cancelar as compras de soja brasileiras.
(Com Estadão Conteúdo)