Embarque de soja recua 40% em Santos e Paranaguá
Portos enfrentam dificuldades no escoamento da produção do grão, com centenas de navios esperando embarque. Importadoras já estão desistindo de comprar a commodity brasileira
O volume de soja embarcada nos dois principais portos do país – Santos e Paranaguá – caiu, em média, 40% no primeiro bimestre do ano comparado a igual período de 2012. No complexo paranaense, quase metade da capacidade total de embarque está ociosa. O porto pode despachar 80 mil toneladas de grãos por dia e só está embarcando metade disso.
Em Santos, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) afirmou que o embarque está ajustado à capacidade, mas, recentemente, o diretor de desenvolvimento comercial da Codesp, Carlos Kopittke, afirmou que, após várias reuniões, ficou detectado que alguns terminais estavam operando abaixo da capacidade por causa da dificuldade dos caminhões de chegar até o local de desembarque.
Nas últimas semanas, a Rodovia Cônego Rangoni, que dá acesso aos principais terminais de grãos do Porto de Santos, tem ficado constantemente congestionada, com filas quilométricas. Enquanto os motoristas ficam horas estacionados na rodovia sem conseguir chegar ao terminal, os navios não podem atracar por falta de mercadoria.
A dificuldade para o escoamento de grãos nos portos este ano já provocou o cancelamento do embarque de 33 navios de soja comprada por empresas chinesas. A maior comercializadora de soja da China, o grupo Sunrise, disse na quarta-feira que teria “enorme prejuízo” se não cancelasse a compra de 2 milhões de toneladas de soja do Brasil em razão de atrasos nos embarques e negou que a decisão seja uma estratégia para renegociar os preços do produto. O grupo já havia ameaçado na terça-feira cancelar as compras de soja brasileiras.
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Em Paranaguá, até quarta-feira, havia 73 navios esperando para carregar grãos, segundo informou o superintendente dos portos de Paranaguá e Antonina, Luiz Henrique Dividino. Apenas quatro, no entanto, tinham carga completa para fazer o embarque. Outros 18 estavam com carga parcial e 53 ainda não tinham carga – ou porque o produto ainda não havia chegado ao porto ou porque a carga ainda não havia sido negociada.
O executivo explica que o volume embarcado foi prejudicado pelo aumento das chuvas no período. De janeiro até meados desta semana, houve 27 dias de paralisação por causa das condições climáticas. “Além da chuva que tem nos prejudicado, ainda temos a complicação de estar trabalhando simultaneamente com dois produtos: milho e soja”, disse. Só no primeiro bimestre, o volume de milho embarcado foi 288% maior que o verificado em igual período de 2012. Em Santos, a situação é semelhante. As exportações de milho cresceram 663%.
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(com Estadão Conteúdo)