O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, reafirmou nesta segunda-feira o compromisso de fazer o país cumprir neste ano a meta de superávit primário, de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). O superávit é a economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida pública. O ministro, que foi elogiado por participantes do encontro de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ocorreu no final da semana passada, esteve nesta segunda-feira em evento promovido pela Bloomberg. Trata-se do segundo grande evento internacional ao qual Levy comparece representando o governo brasileiro em 2015. O primeiro foi o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, em janeiro.
O ministro seguiu em tom otimista em relação à disposição do Congresso em aprovar o ajuste fiscal e disse que o governo está se empenhando para alcançar esse objetivo. “Acreditamos que podemos fazer o 1,2%. Estamos continuando com os esforços para que as medidas que enviamos ao Congresso sejam aprovadas”, afirmou logo no início do seu discurso em Nova York.
A investidores que participavam do evento, Levy garantiu que o ajuste fiscal, que prevê cortes no Orçamento da União e a retirada de benefícios trabalhistas, colocará o Brasil no caminho correto. O ministro, além de ser o autor dos ajustes, também tem se desdobrado no Congresso para tentar convencer a base aliada a chancelar as mudanças.
Mais uma vez ele reconheceu que as políticas anticíclicas adotadas pela presidente Dilma em seu primeiro mandato já se esgotaram, mas evitou tecer maiores críticas à política econômica anterior, devido à saia justa ocorrida semanas atrás, em evento promovido pela Universidade de Chicago, em que o ministro fez duras críticas à presidente. Ele também lembrou os protestos contra Dilma como um demonstrativo de que a população apoia a redução dos gastos públicos por parte do governo. “As pessoas entendem que o ajuste é essencial para colocar o Brasil em uma nova trajetória de crescimento. É claro que há discussão, mas quando se adota esse tipo de coisa é bom que tudo seja bem entendido, bem discutido e algumas vezes negociado”, completou.
Petrobras – O ministro também afirmou esperar que haja uma renovação no Conselho de Administração da estatal com mais profissionais de mercado do que indicados por políticos. “A governança continuará a ser melhorada lá, assim como a expectativa de ter um novo Conselho que será formado por pessoas do setor privado e que podem dedicar muito mais tempo para supervisionar a companhia”, afirmou.
Questionado sobre o descontentamento dos investidores em relação às denúncias de corrupção que assolam a Petrobras, Levy minimizou o assunto: “Aqueles que têm entendimento mais profundo sabem que o Brasil é um dos países mais transparentes do mundo, um país onde tudo é discutido, onde o governo é responsabilizado por tudo o que faz, onde há eleições regulares e onde as pessoas que cometem transgressões vão para a cadeia”, disse.
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Levy anuncia programa de concessões para investimentos em infraestrutura
Infraestrutura – Levy também afirmou que o governo está trabalhando com o mercado de capitais para desenvolver novos instrumentos para financiar o investimento em infraestrutura. Ele ressaltou que passou os últimos dias na reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington e que discutiu o investimento em infraestrutura em várias ocasiões.
A habilidade de levantar recursos para infraestrutura não é única do Brasil, ressaltou o ministro, destacando que o envelhecimento da população nos países do primeiro mundo tem aumentado a demanda por ativos de longo prazo. “Queremos trabalhar com o mercado de capitais para ver se podemos desenvolver instrumentos”, afirmou, falando da possibilidade de transformar bônus de infraestrutura em uma classe de ativos global.
(Com Estadão Conteúdo e agência Reuters)