O dólar voltou a fechar em alta ante o real nesta segunda-feira, sob influência do mercado externo, embora a “intervenção-surpresa” do Banco Central no mercado cambial tenha limitado o movimento. O dólar avançou 0,54%, a 3,7267 reais na venda. Na mínima do dia, a moeda americana foi a 3,6715 reais e, na máxima, a 3,7309 reais. Na sexta-feira, a moeda despencou 5,59%, maior queda em quase dez anos.
O BC conseguiu conter a valorização do dólar após anunciar, durante a sessão, leilão de até 50.000 novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Vendeu integralmente a oferta, de 2,5 bilhões de dólares, somando neste mês 13,116 bilhões de dólares em novos swaps.
Diferentemente do que vinha fazendo, o BC não fez o anúncio sobre o leilão de swaps cambiais após a sessão anterior, quando o dólar despencou ante o real. Ele vinha ofertando diariamente até 15.000 novos contratos desde 21 de maio e, de 14 a 18 de maio, o BC também tinha feito oferta extra, mas de até 5.000 contratos novos.
A “atuação-surpresa” foi bem-vista pelos agentes: “Ele (o BC) não pode dar previsibilidade porque cria uma banda, um teto e um piso, e o mercado fica esperando”, disse um gestor de derivativos de uma corretora local.
“É uma abordagem correta. Atuar ‘discricionariamente’ traz alguma incerteza ao mercado, evitando especulações”, emendou o diretor de tesouraria de um banco estrangeiro.
Após a forte disparada do dólar e das taxas de juros futuros, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse na quinta-feira passada que o órgão ofereceria mais 20 bilhões de dólares em novos swaps até o fim desta semana.
No pregão passado vendeu integralmente o lote de até 15.000 novos swaps, e também a oferta integral de até 60.000 contratos, dentro dessa nova estratégia.
O BC também realizou nesta segunda-feira leilão de até 8.800 swaps para rolagem do vencimento de julho, já somando 3,080 bilhões de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vencem em julho. Se mantiver esse volume até o fim do mês, rolará integralmente o total.
“Serão 20 bilhões de dólares até sexta-feira. Isso pode ajudar o dólar a cair um pouco mais, até 3,65 reais, 3,60 reais, no máximo. Mas o dólar só vai ficar mais fraco aqui se o Fed não trouxer surpresas”, afirmou o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior, ao lembrar que haverá reunião do banco central norte-americano nesta semana, em meio a expectativas no mercado de que possa elevar mais do que o esperado os juros da maior economia do mundo.
Por ora, as apostas ainda são majoritárias para três altas de juros neste ano, a segunda esperada para esta semana. Mas os dados recentes podem levar o Fed a indicar que pode ampliar o passo, o que tem potencial para atrair aos EUA recursos hoje aplicados em outras praças, como a brasileira.
No exterior, o dólar tinha leve alta ante uma cesta de moedas, mas subia firme ante as divisas de países emergentes, como os pesos mexicano e chileno. “O clima não é favorável para o dólar cair”, afirmou Faria Júnior.
Eleições
A cena política também continuava no radar dos mercados nesta sessão. Pesquisa Datafolha divulgada na véspera, no entanto, acabou servindo para trazer alguma calma aos agentes.
O levantamento mostrou que o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) lidera a corrida presidencial quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aparece na disputa, seguido pela ex-senadora Marina Silva (Rede), mas a maior fatia do eleitorado se diz sem candidato.
Também mostrou que, nos cenários sem Lula, Marina variava entre 14% a 15%; o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) oscilava entre 10% e 11%; o tucano Geraldo Alckmin tinha 7% e o senador Alvaro Dias (Podemos), 4%.