O dólar fechou o pregão desta quinta-feira, 17, com valorização de 0,62%, cotado a 3,7012 reais na venda, maior valor já registrado desde 16 de março de 2016. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 6,5% não foi suficiente para conter a valorização da moeda americana, que teve a quinta alta consecutiva.
“O dólar abriu com queda de mais de 0,5%, reflexo da redução da taxa de juros, mas não foi suficiente para segurar a redução e pouco depois da abertura do mercado já houve valorização”, explica o operador da B&T Corretora de Câmbio, Marcos Trabbold. Para ele, o BC teria que dar um “choque maior no mercado, com mais volume de swap cambial, para segurar a valorização do dólar.”
O professor de economia do Insper, João Luiz Mascolo, considera que o efeito da manutenção da Selic é, de fato, muito pequeno para segurar o dólar. Na sua avaliação, o que está pesando mesmo sobre a cotação é o cenário externo, puxado principalmente pelos Estados Unidos. “Além da possibilidade de mais aumento de juros nos Estados Unidos, a venda de títulos americanos – motivada pela redução da carga tributária e pelo fato que o governo tenta se desfazer de papéis comprados entre 2008 e 2014 para incentivar a economia – são duas fontes de pressão para a valorização da moeda”, explica o professor.
Ele concorda que uma saída para tentar conter essa escalada seria a venda maciça de dólares, o chamado swap cambial, pelo BC. A outra seria o aumento da taxa básica de juros.
O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, destaca que a valorização cambial ocorre em praticamente todas as moedas e que não tem nenhuma ligação com a decisão do BC de manter a Selic em 6,5%. “O real está acompanhando o cenário internacional”, avalia.
O gestor da Horus Ggr, Thiago Figueiredo, também atribui aos bons resultados da economia americana à valorização da moeda. “Mas essa mudança abrupta de posicionamento do Banco Central também contribui para este cenário de alta”, diz.
Além de todo esse contexto, os especialistas destacam que a indefinição política, para a eleição deste ano, é um agravante a mais que também tem contribuído para o aumento do dólar.