O dólar fechou em alta superior a 2% nesta quarta-feira, após o Banco Central atuar para sustentar as cotações pelo terceiro dia consecutivo e em meio ao conturbado cenário político no Brasil. A alta da moeda americana foi de 2,11%, a 3,67 reais.
“Parece que o BC está insistindo e o mercado está cedendo aos esforços dele”, disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta. O BC vendeu 17.000 dos 20.000 swaps cambiais reversos (modalidade de compra futura de dólares), no leilão desta quarta-feira. Trata-se da terceira operação desse tipo em três dias. A autoridade monetária deixou a ferramenta encostada por três anos.
Alguns operadores haviam entendido a atuação do BC nas duas últimas sessões como uma ferramenta para sondar a demanda pelos instrumentos. As vendas parciais teriam sido um sinal de que a autoridade monetária não teria como objetivo colocar um piso para as cotações, mas apenas garantir que a queda da moeda americana aconteça de forma suave. No mês, o dólar ainda acumula queda de 8,16%.
A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki de que o juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, envie ao STF as informações sobre a quebra de sigilo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como todos os processos relacionados às interceptações, também contribuiu para o quadro de apreensão política nesta sessão.
Outro fator foi a divulgação, por uma série de veículos da imprensa, de lista que apontaria pagamentos da Odebrecht a políticos. Um pouco mais tarde, Moro colocou a lista em sigilo e determinou que o Ministério Público Federal (MPF) se manifeste sobre a possibilidade de enviar esses documentos ao STF.
A alta do dólar nesta sessão veio também em linha com o movimento do câmbio no exterior. Muitos operadores reviam suas expectativas para a política monetária americana após duas autoridades do Federal Reserve encorajarem expectativas de pelo menos dois aumentos de 0,25 ponto porcentual nos juros neste ano.
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(Com Reuters)