O dólar voltou a subir nesta segunda-feira e fechou no patamar de 3,55 reais pela primeira vez em quase dois anos, influenciado pelo movimento externo em meio a temores de que os juros possam subir mais do que o esperado nos Estados Unidos. A moeda americana avançou 0,82%, a 3,5528 reais na venda, maior nível desde 2 de junho de 2016 (3,5875 reais). Nas duas semanas anteriores, o dólar já havia acumulado valorização de 3,29%.
Na máxima dessa sessão, a moeda americana bateu 3,5598 reais. O dólar futuro tinha ganho de cerca de 0,65 por cento no final da tarde.
“O dólar segue o mercado externo, e a perspectiva é que lá fora a moeda americana continue forte. O noticiário não foi suficiente para acalmar”, afirmou o diretor de operações da corretora Mirae, Pablo Spyer, referindo-se à decisão do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, sobre a política monetária e os dados mais fracos do mercado de trabalho americano, ambos na semana passada.
Os mercados globais continuavam temerosos que o Fed possa elevar mais os juros diante de sinais de atividade econômica mais forte e inflação. Taxas elevadas têm potencial para atrair para a maior economia do mundo recursos hoje aplicados em outros mercados financeiros, como o brasileiro.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas e já havia batido o nível mais alto deste ano, com investidores apostando que o aumento da taxa de juros dos Estados Unidos elevaria a moeda americana.
O dólar também subia ante divisas de países emergentes e exportadores de commodities, como os pesos mexicano e chileno. Como pano de fundo, os investidores seguiram de olho no noticiário político local, a poucos meses das eleições presidenciais deste ano.
O BC vendeu pelo terceiro dia a oferta integral de até 8.900 mil contratos em swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando 1,335 bilhão de dólares do total de 5,650 bilhões de dólares que vencem em junho. Se mantiver e vender esse volume diário até o fim do mês, o BC terá rolado integralmente os contratos que vencem no mês que vem e terá colocado o equivalente a 2,8 bilhões de dólares adicionais.
“Mesmo que o dólar tenha ido para os níveis que levaram o BC a chamar um swap mais robusto, não vejo ele aumentando o volume. Enquanto não for a 3,60 reais, não vejo mais volume de swap”, comentou um profissional da mesa de derivativos de uma corretora local, referindo-se à atuação mais forte do BC no mercado de câmbio, iniciada na semana passada.
“Mesmo com a intervenção do Banco Central desde a semana passada, há uma consistência na alta que pode ser especulação ou o investidor se protegendo contra alguma surpresa que possa ocorrer no mercado”, explica o gerente de câmbio da Treviso, Reginaldo Galhardo.
Para ele, as incertezas em relação à economia aliadas ao cenário internacional, com a briga comercial entre Estados Unidos e China, por exemplo, e a expectativa de aumento na taxa de juros nos EUA contribuem para que a moeda americana siga se valorizando. “No curto prazo a tendência é que o dólar siga em alta”, considera Galhardo.