O cenário externo combinado com os rumores sobre a saída de Ilan Goldfajn da presidência do Banco Central influenciaram o humor do mercado no final desta quinta-feira, com a bolsa caindo e o dólar subindo. O Ibovespa, principal índice de ações da B3, a bolsa de valores de São Paulo, fechou em queda de 2,24%, aos 83.847 pontos. Já o dólar encerrou o pregão em alta de 1,16%, a 3,725 reais.
Analistas do mercado dizem que parte da reação negativa pode ser explicada pelos rumores de que Goldfajn sairia do BC. A primeira notícia, divulgada pela agência Bloomberg, era que Goldfajn estava se preparando para sair do cargo, sem dizer quando. Só depois o mercado assimilou que ele não ficaria na presidência do BC no futuro governo. Jair Bolsonaro (PSL), líder das pesquisas de intenção de voto, chegou a afirmar mais de uma vez que Paulo Guedes, seu assessor econômico, tinha interesse em manter Goldfajn no BC.
“Ele está fazendo uma ótima presidência no BC e é claro que o mercado gostaria que ele ficasse. Mas o mercado tem confiança no Paulo Guedes, acho que foi um susto inicial”, disse o diretor de operações da Mirae, Pablo Spyer.
Em outra frente, o mercado ficou atento à repercussão da reportagem do jornal Folha de S.Paulo que diz que empresários custearam campanhas de 12 milhões de reais no WhatsApp para promover a candidatura do presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro. “No entanto, outras manchetes acusam que essas informações careceriam de embasamento, deixando investidores inseguros em adotar uma postura mais cautelosa com essa situação”, afirma a corretora H.Commcor.
André Perfeito, economista-chefe da corretora Spinelli, afirma que o mercado deve deixar um pouco de lado o cenário eleitoral com a consolidação de Bolsonaro como favorito para vencer o segundo turno. Contudo, uma nova notícia pode movimentar os índices.
“O mercado não acredita que as eleições possam ser impugnadas devido a essa notícia”, afirma Perfeito. “Apesar de não sabermos como o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] vá se comportar em relação a isso, é necessário alguma coisa mais forte para desatrelar a bolsa do mercado internacional”, diz.
Exterior
Do exterior, a influência negativa veio do indicativo do Fed, o banco central dos Estados Unidos, de que continuará a elevar a taxa básica de juros americana. Os analistas citaram a queda do índice Dow Jones, da bolsa de Nova York, para mostrar que a queda foi generalizada nos mercados. Às 17h15, o indicador registrava queda de 1,27%.
O desempenho das maiores ações brasileiras também está relacionado ao mercado externo. A Petrobras perdeu 2,38% de valor, com ações cotadas a 25,82 reais. Já a Vale caiu 3,98%, com papéis a 56,46 reais.
“O mercado está um pouco mais apreensivo com as altas dos juros americanos. Além disso, há uma pequena influência das vendas para realização de lucros após os ganhos dos últimos dias, um movimento intrínseco das eleições”, afirma Marco Tulli, gestor de mesa de operações da Coin Valores.
O gestor afirma que o desempenho da bolsa nesta quinta não tem ligação direta com o noticiário político. “Recebemos informações da área jurídica, mas nós, economistas, não conseguimos ver influência”, diz Tulli.
(Com Reuters)