O dólar fechou em alta de mais de 1,5% nesta segunda-feira, perto de 3,90 reais, reagindo a preocupações com o impacto da prisão do ex-presidente do BTG Pactual, André Esteves, sobre o mercado doméstico e com possíveis desdobramentos para o quadro político brasileiro. A moeda terminou o dia com valorização de 1,65%, a 3,88 reais na venda, maior nível de fechamento desde 28 de outubro, quando ficou em 3,92 reais. Com isso, a moeda anulou nesta sessão o recuo que havia acumulado em novembro e terminou o mês com alta de 0,61%.
“Esse é o novo normal: volatilidade e risco alto. Estamos vivendo um período muito conturbado, e toda faísca vira fogo”, disse o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa. “A volatilidade é a regra, não dá para ter grandes certezas”, reforçou o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
No fim de semana, Esteves renunciou a todos os seus cargos no BTG após o Supremo Tribunal Federal (STF) mantê-lo preso por tempo indeterminado por suspeita de obstrução da operação Lava Jato, que investiga escândalo bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras. A preocupação é de que mais denúncias possam surgir no campo político ou que o próprio BTG seja muito atingido, o que poderia obrigá-lo a desmontar posições no mercado e, assim, afetar a liquidez. Novas denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também se somaram ao quadro de incertezas.
Investidores também adotaram cautela antes da votação da meta de resultado primário deste ano, marcada para terça-feira no Congresso Nacional, em meio a turbulências após a prisão do ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS). As prisões de Delcídio e de Esteves, na manhã de quarta-feira passada, serviram de gatilho para um salto da moeda americana.
“O mercado estava com humor muito positivo em relação ao nosso cenário local, sendo que só tivéssemos notícias péssimas”, resumiu o operador de renda fixa da corretora Renascença Luis Felipe Laudisio.
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O dólar ficou em alta durante toda a sessão, mas chegou a apresentar avanços bem menores na parte da manhã, batendo na mínima de 3,83 reais do dia. Operadores atribuíram a volatilidade matutina à briga pela formação da Ptax de novembro. A Ptax (taxa média), calculada pelo BC, serve de referência para diversos contratos cambiais.
Outro motivo que teria levado o dólar a se afastar das máximas do dia foi a atuação do Banco Central, embora esse movimento não tenha se sustentado pela tarde. A autoridade monetária fez nesta tarde leilão de venda de até 2,75 bilhões de dólares com compromisso de recompra, com fim de rolar as linhas que vencem em dezembro.
Bolsa – No mercado de ações, o Ibovespa, principal índice, fechou nesta segunda-feira em baixa de 1,64%, aos 45.120 pontos.
(Com agência Reuters)