Imersa no que considera ser a maior crise de sua história, a indústria siderúrgica nacional deverá demitir mais 7.407 pessoas nos próximos seis meses, somando 29 mil dispensas desde janeiro de 2014. O retrato é reflexo da fraca atividade econômica, que já levou ao fechamento de dezenas de unidades produtivas no setor.
O Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas, não acredita em uma recuperação em 2016. A previsão é de queda de 4% nas vendas domésticas de aço e de 5,1% no consumo aparente no ano que vem, em cima de uma estatística já desfavorável em 2015.
“Vivemos a maior crise de nossa história. O ano de 2016 está aí. Não há nada que sinalize recuperação do mercado interno. Será a repetição de 2015”, disse o presidente executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, após divulgar as perspectivas para o setor na quinta-feira, no Rio de Janeiro.
O diagnóstico foi apresentado na quarta, em Brasília, à presidente Dilma Rousseff e a um grupo de ministros, entre os quais Joaquim Levy, da Fazenda. O setor pede que o governo tome medidas emergenciais, sendo a principal delas o aumento da alíquota do imposto de importação de aço. O alvo é barrar a entrada do aço vindo da China, acusada de práticas de comércio consideradas desleais.
Na quinta, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, confirmou que o governo deve apresentar em até 15 dias uma definição a respeito da sobretaxa.
O levantamento do Aço Brasil revela que hoje 47 unidades produtivas de aço – 2 altos-fornos, 4 aciarias, 8 laminadores, 4 mineradoras, entre outros equipamentos – estão desativadas ou paralisadas no país. A estimativa do instituto, que reúne grupos como Usiminas, Gerdau, ArcelorMittal e CSN, é que em seis meses o total de equipamentos desativados salte para 71.
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(Com Estadão Conteúdo)