Os setores de indústria e comércio estão em plena temporada de contratação de trabalhadores temporários. Por causa da crise econômica, o número de vagas deste ano será menor, é verdade: a queda será de 7%, segundo a Associação Brasileira de Trabalho Temporário. A queda não significa que o número de vagas será pequeno – serão cerca de 100.000 postos, de acordo com a entidade. E a crise também não significa que o temporário não possa se transformar em trabalho permanente.
Como transformar a vaga prevista para durar algumas semanas em uma ocupação definitiva? Nesses casos, as empresas costumam estar atentas muito mais à atitude do trabalhador temporário do que necessariamente em seu conhecimento técnico sobre a função, diz Márcia Almström, diretora de recursos humanos e marketing da ManpowerGroup, empresa que atua em 82 países na seleção e treinamento de pessoas para trabalhar em grandes empresas.
A ManpowerGroup tem uma experiência recente para atestar essa leitura: a empresa atuou com o Comitê Olímpico para selecionar pessoas para trabalhar na Olimpíada do Rio. Foram cerca de 15.000 pessoas selecionadas para atuar nos Jogos. Muitas delas seguiram empregadas, mesmo depois do fim das competições. “Até a própria Manpower acabou contratando algumas pessoas que trabalharam temporariamente para o Comitê Olímpico”, afirma a diretora. “Quem se destaca, fica. Empresa nenhuma abre mão de gente boa – mesmo num país em crise.”
A seguir, as três regras de ouro para transformar o trabalho temporário em permanente, segundo a executiva:
1 – Rapidez: como o trabalho vai durar pouco tempo, é preciso ser ágil e ter facilidade para aprender. Assim, o trabalhador terá mais tempo para mostrar do que de fato é capaz;
2 – Resistência: o volume de trabalho nas empresas costuma crescer no fim de ano – não por acaso surgem tantas vagas temporárias nessa época. Isso exige dos trabalhadores a capacidade de saber atuar sob pressão. Não se trata apenas de resistência física, mas principalmente mental, para suportar cobranças e saber aproveitá-las para se desenvolver;
3 – Iniciativa: se a empresa identifica no temporário um profissional que não fica apenas esperando a próxima ordem, essa qualidade vai diferenciá-lo dos colegas na busca por uma vaga definitiva – mesmo que esse posto ainda não exista.
Nenhuma dessas três características tem relação com formação técnica ou conhecimento formal. E isso tem uma razão. “Como a pessoa vai ficar pouco tempo na empresa, ela precisa mostrar qualidade que não se pode ensinar. Ninguém ensina alguém a ter iniciativa”, diz a diretora. “Conhecimento técnico é muito importante, mas isso as empresas sabem que podem ensinar depois, se for necessário”
Márcia Almström finaliza: “há um certo preconceito com o trabalho temporário, mas é uma ocupação que não apenas ajuda um desempregado financeiramente como abre novas portas”, diz. Se uma vaga dessas surgir, recomenda ela, que não se perca a oportunidade.