Analistas do mercado financeiros estão menos confiantes no grau de recuperação da economia brasileira para o próximo ano. Segundo o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 27, o Produto Interno Bruto do Brasil deve avançar 1,47% em 2022, após crescer 5,04% neste ano. Há um mês, os economistas consultados pelo Banco Central projetavam um cenário de expansão de 2% no próximo ano e de 5,20% para 2021.
As mudanças são resultados da piora de indicadores da economia, como a alta da inflação e dos juros, além da instabilidade política. No caso da inflação, por exemplo, os economistas consultados pelo Banco Central veem que o IPCA, o índice oficial, encerre este ano em 8,45%, muito acima do teto da meta de 5,25%. Vale lembrar que essa é a 25ª semana seguida na previsão de alta no indicador de preços. Para o ano que vem, também há viés de alta, com o índice de preços a 4,12%, maior que o centro da meta de 3,5%, mas dentro do limite da taxa de tolerância, de 4,75% para 2022.
A inflação mais alta, vista anteriormente como fenômeno passageiro pelo Banco Central e o governo, persiste e atinge quase toda a economia. No fim do ano passado, a pressão maior era de alimentos, porém combustíveis e energia elétrica também ganharam força este ano, repassando a alta para todos os setores. Fatores como desvalorização do real, aumento do preço das commodities e crise hídrica se somam à pressão nos preços.
Com essa inflação mais alta, a taxa de juros também se eleva. A Selic, que começou o ano em 2% e está em 6,25%, deve terminar 2021 em 8,25% e 2022, em 8,5%, segundo os analistas considerados pelo Focus. Com a taxa de juros mais alta, o crédito fica mais caro e o consumo, desestimulado. Na última semana, o Comitê e Política Monetária (Copom) subiu a taxa Selic de 5,25% para os atuais 6,25% ao ano e sinalizou que na próxima reunião, em novembro, deve fazer uma nova elevação.
PIB
A inflação e os juros mais altos vêm justamente em um momento de recuperação econômica, após o choque sofrido no primeiro ano da pandemia. Depois de uma recuperação no primeiro trimestre deste ano, com avanço de 1,2%, o PIB estagnou no segundo trimestre, com ligeiro recuo de 0,1% no período. O dado foi resultado de problemas de estiagem afetando os agronegócios e da falta de suprimentos, causando queda na indústria, além de baixa atividade nos serviços, que tiveram recuperação mais lenta do que a esperada, apesar do avanço da vacinação. Com a instabilidade política, clima eleitoral antecipado, problemas fiscais e a taxa de juros mais alta, a recuperação econômica projetada no cenário pós-pandemia fica cada vez mais tímida.