O Botafogo voltou atrás e decidiu nesta tarde de segunda-feira rescindir o contrato de patrocínio com a matriz da TelexFree nos Estados Unidos, acusada no país de pirâmide financeira. “O Botafogo de Futebol e Regatas comunica a rescisão do contrato de patrocínio com a TelexFree Internacional, com base nas cláusulas contratuais pertinentes. A empresa já foi notificada pelo Clube e não mais estampará sua marca nos espaços publicitários previamente acordados”, afirma o clube em curto comunicado em seu site. Não há outras informações sobre as implicâncias da decisão e nem como será feito o destrato entre as empresas.
O site de VEJA apurou que a reunião entre os dirigentes do clube, que selou o rompimento do contrato, aconteceu na noite de domingo, quando os demais patrocinadores foram informados da decisão do Botafogo.
Em entrevista ao site de VEJA na semana passada, o diretor-executivo do clube carioca, Sérgio Landau, havia dito que não havia motivos para romper com a TelexFree, uma vez que a empresa teria pago, à vista, o valor do patrocínio – o Botafogo não tornou público o investimento da TelexFree. “Não estamos avaliando isso (o rompimento do contrato feito com a matriz americana) neste momento. Mas, certamente, nosso jurídico vai avaliar tudo. Eles cumpriram o que foi prometido na assinatura do contrato, pagaram rigorosamente o patrocínio, inclusive à vista. Por isso vamos continuar, em contrapartida, cumprindo o combinado – estampar a marca”, disse ele, que acrescentou que até agora o clube “não teve nenhum problema com a empresa”.
O caso TelexFree está sob investigação nos Estados Unidos, conduzida pela Securities and Exchange Commission (SEC), órgão que regula o mercado financeiro do país, que apontou a empresa como um típico caso de pirâmide financeira. Seus bens foram bloqueados pela Justiça do estado americano de Massachussetts e o diretor financeiro da empresa, Joseph Craft, foi pego tentando fugir com inúmeros cheques no valor de 38 milhões de dólares destinados aos donos da TelexFree nos EUA, James Merrill e Carlos Wanzeler.
Na última sexta-feira, James Merrill, de 53 anos, sócio do brasileiro Carlos Wanzeler na TelexFree, foi preso em Worcester, no Estado americano de Massachusetts. O brasileiro é considerado foragido pela Justiça americana. Se condenados, eles podem pegar até 20 anos de prisão. Acatando um pedido da SEC, a Justiça do estado americano de Nevada encaminhou o pedido de recuperação judicial da TelexFree para Massachusetts, onde a empresa está sendo formalmente investigada. Segundo a agência, a TelexFree chegou a levantar 1 bilhão de dólares com divulgadores em todo o mundo, em especial brasileiros.
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A filial brasileira – Ympactus Comercial Ltda. – está sob investigação desde o ano passado por prática de pirâmide no Brasil, com os bens bloqueados e impedida de funcionar por uma decisão da Justiça do Acre. Ela foi recentemente condenada pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, órgão da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon/MJ) a pagar uma multa de 5,590 milhões de reais por operar “esquema financeiro piramidal”, que é crime contra a economia popular no Brasil.
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