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BC lança nota de R$ 200 para cortar custos, mas facilita para a corrupção

Debate internacional vai na contramão da decisão do governo para impedir a lavagem de dinheiro; menos de 10% dos brasileiros carregam notas de 100 reais

Por Josette Goulart, Machado da Costa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 jul 2020, 19h02 - Publicado em 29 jul 2020, 17h06
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  • A resposta de um doleiro condenado da Lava Jato ao ver que o governo vai lançar uma nota de 200 reais: “Muito mais fácil de carregar”. Quão mais fácil teria sido a vida do Rodrigo Rocha Loures quando recebeu a mala de 500 mil reais em notas do Joesley Batista e poderia ter passado menos despercebido do que com uma mala tão grande nas mãos? Quanto espaço teria economizado o ex-ministro Geddel Vieira Lima com os 51 milhões de reais encontrados em malas e caixas em um apartamento? Pois o Banco Central vai facilitar a vida de quem precisa carregar muito dinheiro ao lançar a nota de 200 reais.

    De qualquer forma, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou nesta quarta, 29, o lançamento de cédulas de real no valor de 200 reais. O animal que ilustrará o papel moeda será o lobo guará. Segundo o Banco Central, serão impressas 450 milhões de cédulas ainda este ano, totalizando 90 bilhões de reais em valor da moeda. Notícia boa também para a Casa da Moeda, que nos últimos anos não sai do prejuízo. No ano passado, a instituição faturou R$ 1,16 bilhão imprimindo cédulas, passaportes, moedas, selos. Mas teve um prejuízo de R$ 86 milhões. Em 2018, o prejuízo tinha sido de R$ 93 milhões. O governo Bolsonaro tentou até mesmo acabar com o monopólio da Casa da Moeda, alegando que queria reduzir o custo de impressão e lançou uma medida provisória acabando com o monopólio da estatal, mas a medida acabou caducando no Congresso. Somente neste mês, foram gastos quase 437 milhões de reais com a impressão de 100 bilhões de reais para garantir que o total de moeda em circulação não descompassasse da base monetária. Dobrar o valor de face da nota mais alta tem nisso o seu principal objetivo. Porém, é uma economia questionável.

    A medida de lançar uma nova moeda vai na contramão do que diversos países estão praticando. Na União Europeia, onde circula notas de 500 euros, a principal discussão sobre os valores das notas se dá perante o combate à lavagem de dinheiro. Quanto maior o valor de face, mais fácil é o transporte e a omissão dos valores. Em um momento de pandemia, no qual o Banco Central deveria estar focado nas ações de combate à crise econômica, perde-se tempo e energia ao colocar em prática uma ação que não trará benefícios econômicos e que apenas facilitará para o crime organizado. Aliás, se esta não é a principal mazela do país, é uma das mais.

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    O outro lado da discussão, que penderia para o lado favorável à criação desta cédula, está na redução do custo da impressão de papel moeda e no transporte de valores. Contudo, numa sociedade cada vez mais digitalizada, cuja tendência é irrevogável, e com uma inflação pra lá de controlada, simplesmente não faz sentido a iniciativa empreendida pelo Banco Central e outros órgãos do governo, como o Ministério da Economia. O próprio Banco Central, em estimativa de 2016, previa que a lavagem de dinheiro movimentava 6 bilhões de reais por ano. Este valor é três vezes maior do que os recursos reconquistados pela Operação Lava Jato em seus seis anos de atuação. O tráfico de drogas, a corrupção e as milícias agradecem a redução de custos no transporte.

    Segundo dados do Banco Central, hoje estão em circulação 8,3 bilhões de notas. Cerca de 1,7 bilhão são de notas de 100 reais. O volume de notas cresceu em relação ao ano passado, quando circulavam 6 bilhões de notas. O BC realizou uma pesquisa em 2018, já antiga para a rapidez com que as transformações digitais acontecem, que mostrava que 60% das pessoas ainda usavam o dinheiro como principal forma para fazer pagamentos. Na época, quase 30% ainda recebiam salários ou equivalentes em dinheiro. A pandemia pode mudar esta relação, segundo o BIS, o banco central dos bancos centrais. Em especial nos países emergentes.

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