O Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou que deve cortar em mais meio ponto porcentual a taxa básica de juros da economia, a Selic, na última reunião do ano, marcada para dezembro. Com isso, a Selic chegaria a 4,5% ao ano, menor patamar da história. A informação está na ata do último encontro do comitê, divulgada nesta quinta. Na semana passada, o Copom cortou a Selic de 5,5% para 5% ao ano, piso histórico da taxa.
“O Copom decidiu comunicar sua avaliação de que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir um ajuste adicional, de igual magnitude, no grau de estímulo monetário”, afirmou a ata. A sinalização do Copom vai em linha com a expectativa do mercado financeiro, que estima a Selic a 4,5% ao ano em 2019.
No documento, o comitê reforçou que o corte na taxa de juros está baseado em um cenário de alta ociosidade da economia, inflação controlada e cenário externo favorável a economias emergentes. Além disso, o Copom acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deva apresentar avanço devido ao estímulo da liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e as cotas do PIS/Pasep.
Para o Copom, o ritmo de crescimento da economia, excluídos efeitos de estímulos temporários, será gradual. “O comitê estima que o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter apresentado crescimento no terceiro trimestre. Os trimestres seguintes devem apresentar alguma aceleração, que deve ser reforçada pelos estímulos decorrentes da liberação de recursos do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] e PIS-Pasep [Programa de Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público] – com impacto mais concentrado no último trimestre de 2019”, explicou a ata.
O resultado do PIB do terceiro trimestre será divulgado no dia 3 de dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Sobre novos ajustes, a partir de 2020, o Copom disse que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela no cenário. “O Copom julgou ser fundamental reiterar que a comunicação dessa avaliação não restringe suas próximas decisões e enfatizar que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”.
Agenda reformista
Na ata, o Copom destacou a “relevância da aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso Nacional”, mas reforçou a importância da continuidade do processo de ajustes que possam gerar sustentabilidade fiscal.
“Ao reduzirem incertezas fundamentais sobre a economia brasileira, essas reformas tendem a trabalhar no mesmo sentido da política monetária e, portanto, estimular o investimento privado. Esse potencial efeito expansionista deve contrabalançar impactos de ajustes fiscais correntes sobre a atividade econômica, além de mitigar [suavizar]os riscos de episódios de forte elevação de prêmios de risco [retorno adicional cobrado por investidores para aceitar correr maior grau de risco]”, disse.
“O Copom reiterou o entendimento de que uma aceleração do ritmo de retomada da economia para patamares mais robustos também dependerá de outras iniciativas e reformas microeconômicas que visam ao aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios”, acrescentou.
Nesta terça-feira, o governo deve apresentar um pacote de medidas econômicas para continuar a agenda reformista pós-Previdência. O plano Guedes deve contemplar o pacto federativo e a reforma administrativa.