O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou esta terça-feira em alta de 0,39%, aos 48.180 pontos. O índice chegou a cair 0,06% (47.965 pontos) durante a sessão, mas conseguiu recompor essa perda rapidamente, mal refletindo o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Standard & Poor’s na véspera. A decisão da agência de classificação de risco já era esperada pelos investidores. A possibilidade de rebaixamento da nota era discutida há meses e os ativos já haviam incorporado este risco, explica o economista da Gradual Corretora, André Perfeito.
A S&P rebaixou há oito meses a perspectiva da nota brasileira, então ‘estável’, para ‘ negativa’. Isso abriu precedente para o rebaixamento anunciado na segunda-feira, para ‘BBB-‘, a última nota dentro da categoria de grau de investimento. A agência já havia alertado na ocasião que, se as contas públicas do país não melhorassem, o rebaixamento seria necessário.
No caso do dólar, a moeda bateu a menor cotação em quatro meses, refletindo não apenas a notícia vinda do Brasil, mas também dados econômicos mais fortes do que o esperado sobre os Estados Unidos. A divisa norte-americana recuou 0,70%, a 2,3062 reais no fim deste pregão, menor nível desde 26 de novembro, quando ficou em 2,2957 reais. Na mínima do dia, bateu 2,2989 reais, a primeira vez que vai abaixo do patamar de 2,30 reais também desde novembro passado. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,5 bilhão de dólares.
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Em seu boletim diário, o economista Octavio de Barros, do Bradesco, vê como positiva a perspectiva do rating ter sido colocada como ‘estável’ – e não como ‘negativa’. Para o banco, isso sugere que não haverá novas mudanças no curto prazo, por mais um ano, “mantendo o país com o grau de investimento junto às três principais agências de classificação de risco”. “Não acreditamos que as outras duas agências, Fitch e Moody’s, vão seguir o mesmo caminho de redução da nota de crédito brasileira em 2014”, diz o economista. Tanto a Moody’s como a Fitch mantêm o rating do Brasil em dois níveis no grau de investimento, ambos com perspectivas estáveis, como lembra o Itaú também em relatório.
Na opinião de Tony Volpon, chefe de mercados emergentes da corretora Nomura, há muitos investidores que ainda veem valor no mercado brasileiro, especialmente com os juros altos. “Os investidores, pelo menos no momento de calmaria no mercado internacional, acredita que os juros do país – os maiores entre os emergentes – compensam bastante os riscos”, disse. “Nada o que a S&P fez pode mudar essa opinião”, acrescentou. Contudo, ele alerta que não é bom subestimar o impacto que este rebaixamento representa como pressão para o governo mudar sua política fiscal, especialmente em ano eleitoral. “A ameaça de um eventual retorno do grau especulativo será um poderoso incentivo para o governo agir”, comentou Volpon.
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