Os juros do cartão de crédito voltaram a subir, informou nesta quarta-feira o Banco Central (BC). De acordo com a autoridade monetária, os juros rotativos (aqueles cobrados dos inadimplentes) subiram de 271,4% para 274% ao ano, entre julho e agosto. Essa foi a primeira alta desde março de 2018.
O resultado refletiu a elevação média dos juros que as instituições bancárias cobraram de seus clientes em agosto. Quem mais sentiu o impacto foram os clientes que deixaram de pagar integralmente as faturas de seus cartões – ou seja, não cumpriram nem com o pagamento mínimo.
Os juros mensais nessa situação passaram de 11,9% para 12%. Em razão da regra dos juros compostos, a alta de apenas 0,1 ponto porcentual já é suficiente para que, após doze meses, os juros alcancem 274%.
O modelo de crédito mais caro no país continua sendo o cheque especial, o famoso “limite negativo” das contas-correntes. Os juros permaneceram em 303,2% ao ano, segundo o Banco Central.
Apesar dessas taxas, a média dos juros cobrados pelos bancos em todas as operações de crédito com pessoas físicas é de 30,9% ao ano. Esse valor é influenciado em boa medida pelos créditos imobiliário (8% ao ano), rural (6,6% ao ano) e consignado (24,5% ao ano).
Inadimplência
Pelo terceiro mês consecutivo, a inadimplência das pessoas físicas permaneceu estável. Segundo o BC, as obrigações de apenas 1,9% do total de crédito concedido estão com mais de quinze dias de atraso. A média da inadimplência em 2017 ficou em 2%.
Um dos argumentos dos bancos para manter o spread (diferença entre a taxa de captação e aplicação de crédito) é justamente a alta inadimplência. O spread bancário para pessoas físicas fechou agosto em 23,7%, 0,2 pontos porcentuais abaixo da taxa aferida em julho deste ano. A média de 2017 desse indicador ficou em 29,3%.
Endividamento
O nível de endividamento das famílias continuou a subir em agosto, mantendo a trajetória apresentada ao longo deste ano. No último mês, o total de famílias endividadas subiu para 41,8%, 0,1 ponto porcentual acima do dado de julho. Em dezembro de 2017, esse porcentual estava em 41%.
A alta reflete o aumento do número de famílias comprometidas com crédito imobiliário, que passou de 23,4%, em julho, para 23,5% em agosto.
Apesar dessa evolução do total de famílias endividadas, o comprometimento sobre suas rendas não tem piorado. Há quatro meses, o nível de endividamento permanece em 20,2% – ou seja, pouco mais de um quinto dos rendimentos de uma família são direcionados para o pagamento de dívidas. Em dezembro do ano passado, o nível de comprometimento estava em 20,1%. Um ano antes, estava em 21,7%.