Nesta quarta-feira, 10, a gigante imobiliária chinesa Evergrande enfrenta a maior prova de fogo desde o início de sua crise, há cerca de cinco meses atrás. Trata-se do vencimento do período de carência de 30 dias para o pagamento de três títulos que totalizam 148,1 milhões de dólares, não pagos no vencimento inicial no mês passado.
Ainda que a empresa tenha honrado recentemente o pagamento dos juros dos seus títulos e que não haja indícios de que haverá atrasos, a preocupação do mercado global sobre o pagamento no prazo é alta. Com um total de dívidas estimado em 300 bilhões de dólares, os papéis da empresa diante da possibilidade de sua reestruturação estão altamente desvalorizados, com queda de 83,24% na bolsa de Hong Kong.
Nesta semana, a empresa vendeu 5,7% das ações da empresa de mídia Hengten Networks, o que garantiu um acréscimo de 145 milhões de dólares ao caixa. Recentemente, o governo chinês solicitou ao fundador da empresa, Hui Ka Yan, que pague as dívidas da Evergrande com sua fortuna pessoal. No sábado, 6, dois títulos não foram pagos, porém eles ainda estão dentro do período de carência de 30 dias. Recentemente, ativos foram honrados faltando apenas 11 horas do prazo final, e dois títulos estão com vencimento previsto para dezembro.
Impacto global
A crise de uma das maiores incorporadoras da China impacta o mercado de crédito chinês, tanto nas construtoras com baixa avaliação quanto nas de maior qualidade, cujos títulos estão sofrendo a maior liquidação dos últimos meses. Há dúvidas sobre até que ponto o governo chinês irá dar suporte para a Evergrande e evite uma crise de liquidez mais grave no país.
Na terça-feira, 9, o Federal Reserve, o Banco Central americano, alertou no seu Relatório de Estabilidade que a crise de crédito imobiliário na China e os preços inflacionados dos imóveis no país podem impactar o mercado internacional e dos Estados Unidos, prejudicando a retomada do crescimento no país após a pandemia da Covid-19.
“Dado o tamanho da economia e do sistema financeiro da China, bem como seus extensos vínculos comerciais com o resto do mundo, as tensões financeiras na China podem prejudicar os mercados globais por meio de uma deterioração do sentimento em relação ao risco, representar um vetor negativo ao crescimento econômico global e afetando a recuperação dos Estados Unidos”, disse o documento.