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Zack Snyder, o controverso super-homem da DC Comics

Responsável pela nova leva de filmes da editora de quadrinhos, o cineasta fala ao site de VEJA sobre 'Superman vs Batman' e o que está por vir no universo dos heróis concorrentes da Marvel

Por Mariane Morisawa, de Los Angeles
25 mar 2016, 15h12

‘O Batman de Christopher Nolan não existe na minha realidade. Este aqui é outro universo, em que Superman existe e alienígenas, também. Uma espaçonave não aterrissaria naquele mundo criado por Nolan e Bale’

Depois de conduzir os comentados 300 (2006) e Watchmen: O Filme (2009), o cineasta americano Zack Snyder ganhou força e popularidade em Hollywood. Não demorou para que ele se tornasse o responsável por ressuscitar Superman nos cinemas, com O Homem de Aço (2013), filme que pouco agradou a crítica, mas fechou as contas ao arrecadar 688 milhões de dólares (cerca de 2,4 bilhões de reais) em bilheteria mundial.

A seguir, Snyder se tornaria o nome todo poderoso da DC Comics no cinema, eleito para conduzir os filmes de super-heróis da casa no estúdio Warner. Porém, como grandes poderes trazem grandes responsabilidades, já dizia um herói da concorrente, o cineasta acabou alvo de críticos incrédulos com seu trabalho. Mas ele parece não se importar.

Em entrevista ao site de VEJA, em Los Angeles, o diretor se mostra animado e jovial. Fala bastante, sem parar, e até se perde um pouco nas respostas. Característica que diz muito sobre seus filmes, verdadeiras odes ao excesso. Ele conta que Batman vs. Superman: A Origem da Justiça, que chegou ao Brasil nesta quinta-feira, nasceu de um pensamento simples.

Enquanto ainda colhia os frutos de Homem de Aço, ele começou a pensar em quem poderia enfrentá-lo em sua próxima aventura. Num estalo, imaginou Batman, o outro grande super-herói da DC Comics. E mais, que o extraterrestre de Krypton criado no Kansas poderia brigar com o milionário de Metrópolis sedento de vingança – um conflito que apareceu em algumas das séries de quadrinhos, mas nunca foi explorado no cinema.

Essa ideia serviria principalmente a outro propósito, a criação da Liga da Justiça, reunião de vários personagens da DC Comics. A arquirrival Marvel, afinal, fez nada modestos 2,9 bilhões de dólares (perto de 10,5 bilhões de reais) com seus dois Os Vingadores, que juntou Homem de Ferro, Capitão América, Viúva Negra, Hulk, Thor e Gavião Arqueiro no mesmo enquadramento.

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Para Batman vs. Superman, uma coisa era clara: era necessário um novo Batman. Nada contra Christian Bale, que encarnou o Cavaleiro das Trevas em três sombrios e realistas obras de Christopher Nolan, que redesenharam a presença dos super-heróis no cinema. “O Batman de Nolan não existe na minha realidade”, explica Snyder. “Este aqui é outro universo, em que Superman existe e alienígenas, também. Uma espaçonave não aterrissaria naquele mundo criado por Nolan e Bale.”

O cineasta afirma que pensou desde o início em Ben Affleck. “Queria um Batman cansado de guerra. Nós até colocamos mais rugas e cabelos brancos nele. Ele é Batman faz 20 anos, o que permite um contraste maior entre ele e Superman, que é meio novo no ramo e não passou pela perda de inocência como Bruce Wayne. Isso permite que eles estejam filosoficamente mais em desacordo.” Snyder também queria um Batman maior, fisicamente. Christian Bale tem 1,80 metro. Affleck mede 1,93 metro – com as botas chega a 1,98. “Sempre achei que o Batman precisava ser mais alto que o Super-Homem, porque ele não tem superpoderes.” Henry Cavill, que faz o Homem de Aço, chega a 1,85. Além de seu uniforme habitual, Batman também tem uma versão armadura para enfrentar o Super-Homem.

O embate entre os dois também é consequência direta do que aconteceu no controverso final de Homem de Aço, quando, para combater o General Zod (Michael Shannon), Superman destruiu metade de Metrópolis e por fim quebrou o pescoço do vilão. A polêmica aconteceu porque o personagem é conhecido por nunca matar ninguém. Um dos inúmeros edifícios destruídos era de Bruce Wayne/Batman, que perdeu amigos e funcionários e, como sempre, é levado pelo sentimento de vingança e coloca em discussão o que fazer em face de um ser com poderes divinos.

Snyder, que precisou se defender em relação à conclusão de seu trabalho anterior desde o lançamento, diz que tudo sempre esteve nos planos. “Acho irresponsável que os filmes não tenham consequências, que as milhares de mortes sejam apenas efeitos colaterais. Você vê algo como o filme Terremoto: A Falha de San Andreas, com zilhões de mortes a mais, e ninguém se importa. Não sei por quê. O medo da luta entre Superman e do Zod nas ruas de Metrópolis dá nervoso nas pessoas, porque expõe a vulnerabilidade das nossas sociedades, filosoficamente”, explica o diretor, que adora a palavra “filosoficamente”. “Em Capitão América 2: O Soldado Invernal, alguns temas são os mesmos. Mas acho que com o Capitão América as pessoas não têm tantas ideias preconcebidas do que ele pode ou não fazer. Com o Superman as pessoas entram com uma ideia do que ele pode ou não fazer. É mais religioso, de certa maneira.” Snyder já esperava sofrer mais críticas dos fãs fervorosos, mas não tem medo de declarar que está querendo abalar um pouco a estrutura. “Estou tentando quebrar as correntes e deixar o Super-Homem um pouco mais livre, para que, no futuro, ele possa fazer outras coisas.”

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Batman vs. Superman tem vilões de verdade, obviamente, do monstruoso Apocalypse (ou Doomsday) ao clássico Lex Luthor (interpretado por Jesse Eisenberg, de A Rede Social). Também há espaço para apresentar outros super-heróis, principalmente a Mulher Maravilha (Gal Gadot), que aparece pela primeira vez no cinema em seus 75 anos de história e finalmente vai ter seu filme solo no ano que vem, dirigido por Patty Jenkins. A personagem tinha ficado para lenda, mas volta à ativa quando vê uma luta que vale a pena. Há também pequenas pontas de Cyborg (Ray Fisher), The Flash (Ezra Miller) e Aquaman (Jason Momoa). Porque, claro, Batman vs. Superman é a origem da Liga da Justiça, que vai render, de cara, dois longas-metragens, a serem lançados em 2017 e 2019, ambos dirigidos pelo próprio Snyder. Sobre isso, o cineasta fala pouco. Dá a entender que vão ser menos sérias, uma crítica que a DC/Warner recebe com certa frequência.

Além de dirigir Homem de Aço, Batman vs. Superman, Liga da Justiça Parte 1 e Parte 2, o diretor supervisiona todos os filmes da DC Comics/Warner, repetindo um pouco o modelo da Marvel Studios. E são várias as produções baseadas em quadrinhos da DC anunciadas para os próximos anos (confira na lista abaixo).

“Preciso ficar de olho em todos, porque todos precisam fazer sentido. Mas tento ao máximo dar liberdade para os outros cineastas, sem colocar muitas restrições”, diz Snyder, que divide o trabalho como produtor com sua mulher Deborah. Ela declarou à revista The Hollywood Reporter que a ideia é sempre contratar cineastas com um ponto de vista particular e diferentes entre si, para que todos não pareçam a mesma coisa.

O casal, que tem dois filhos, fora os seis de relacionamentos anteriores de Zack, tem se desdobrado. Enquanto se preparavam para o lançamento de Batman vs. Superman, Mulher Maravilha estava sendo rodado na Inglaterra, e a pré-produção de Liga da Justiça Parte 1 já borbulhava, pois o longa começa a ser rodado no Reino Unido no dia 11 de abril. O diretor atiçou a curiosidade dos fãs ao publicar uma foto com Jason Momoa com os figurinos do filme ao fundo, inclusive de Mera (Amber Heard), a Rainha de Atlântida e mulher de Aquaman. Também disse recentemente que é possível que a Liga da Justiça seja formada porque há um inimigo mais poderoso para enfrentar. Os três anos que se passaram entre Homem de Aço e Batman vs. Superman, uma eternidade para os padrões de hoje, serviram também para mapear o caminho que vai ser trilhado pelos heróis da DC Comics no cinema a partir de agora. A Marvel, de fato, agora vai ter concorrência à altura – pelo menos em quantidade.

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