“Vocês não sabem o poder que têm”, diz Bob Geldof, do Live Aid, sobre o Brasil
O cantor e idealizador dos projetos benecifentes Live Aid e Live 8 acredita que o país tem um ótimo potencial e que o mundo lhe dará ouvidos sobre questões econômicas e sustentáveis
Bob Geldof, idealizador dos eventos musicais beneficentes Live Aid (1985) e do Live 8 (2005), acredita que o Brasil precisa perceber o lugar que ocupa no mundo. Participante da mesa que encerrou o II Fórum Global de Sustentabilidade do SWU, Geldof disse que uma mudança mundial surgirá de países como Índia e Brasil, mas que o país é o que tem mais vantagens entre os dois. “Nós sabemos que as mais importantes decisões do século passado foram feitas por um pequeno grupo de ricos e vocês estão lá, mas não sentem que estão. Cabe a vocês entender onde estão”, disse.
O cantor listou os problemas do Brasil, como pobreza, violência e corrupção, mas disse acreditar no potencial democrático do país. “Assim como a Índia, o Brasil tem uma grande população, muita inteligência, pouca educação e muita corrupção, mas uma democracia brilhante. É impressionante ver a pessoas extremamente pobres irem às urnas e dizer ‘Eu não tenho nada, mas eu tenho a mim e eu vou decidir'”, disse. Geldof acredita que grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas darão oportunidade ao país de amadurecer como democracia.
Durante a palestra, o cantor disse que o crescimento sustentável é um paradoxo. “Só funciona quando trabalhamos juntos, nós precisamos uns dos outros para sobreviver”, explicou. Ele acredita que o modelo político do século XXI é diferente do século passado e que é necessária a presença da economia na política. “O paradigma político do século XX é competição, o que nos arruina. O paradigma político através da economia do século XXI é cooperação, consenso e compromisso”, disse.
Sobre um novo projeto Live Aid, Geldof disse a VEJA não ter planos no momento.