Na semana passada, durante a Conferência do Clima em Paris, Paul McCartney, Colbie Caillat e outros cantores lançaram um clipe para ajudar na causa da preservação do planeta. A canção, Love Song to the Earth, já havia sido divulgada em setembro, mas sem que os artistas mostrassem a cara. Apenas um vídeo com a letra da canção sobre uma compilação de imagens de calendário – cachoeira, geleira, arco-íris – circulou na ocasião.
Agora a coisa é mais séria: o ex-beatle e a jovem estrela pop aparecem em pessoa para salvar a Terra, em um vídeo divulgado em primeira mão pela revista americana Rolling Stone. Vestidos de branco como Roberto Carlos, eles cantam em plena harmonia com bichos, plantas, riachos. E um arco-íris.
A ideia de que a música pode ajudar boas causas vem de longe, mas ganhou asas nos anos 80 com Do They Know It’s Christmas e We Are the World, que arrebanharam dezenas de artistas para obter doações para os famintos da Etiópia. Desde então, gente famosa da indústria musical vira e mexe escreva hinos para sanar os problemas do mundo.
Como contribuição mais recente a esse cânone, Love Song to the Earth realmente abre os olhos do espectador. Ela é melosa e apelativa. Se três décadas de manipulações musicais desse tipo não conseguiram produzir nada de mais decente, como acreditar que a espécie humana é capaz de melhorar?
Não adiante dizer que a culpa é do tiozão Paul McCartney, que há 73 anos dá sua contribuição para a dilapidação do meio ambiente. Colbie Caillat tem 30 anos, ou seja, pertence à geração dos “millenials” – aqueles que realmente acreditam que atingiram um nível superior de consciência.
Se cafonice fizesse baixar a temperatura, Love Song to the Earth traria esperança. Mas cafonice dá um calor…