Após assistir a apresentação de balé de sua irmã, Pauline, em 2008, um jovem Timothée Chalamet, então aos 12 anos, arrastou a família para o cinema, onde estava em cartaz o filme Batman: O Cavaleiro das Trevas. Quando viu Heath Ledger brilhando como Coringa, ficou completamente maravilhado. “Saí da sala de exibição como um homem mudado, é sério! A performance de Ledger naquele filme foi visceral e viral para mim. Fiquei contaminado com o ‘vírus da atuação’”, disse Chalamet em discurso na premiação da Associação de Críticos de Nova York, de 2018. Na ocasião, o franco-americano, aos 22 anos, foi eleito melhor ator pelo romance LGBT Me Chame Pelo Seu Nome, longa dirigido por Luca Guadagnino que também lhe rendeu uma indicação ao Oscar — fazendo de Chalamet o mais jovem a concorrer na categoria de ator desde 1944. Ali, o futuro promissor do garoto já era evidente. E sua concretização se deu recentemente, ao estrelar a superprodução Duna, adaptação do clássico homônimo da ficção científica, de Frank Herbert (1920-1986), que chegou aos cinemas na quinta-feira, 21.
Escolher o protagonista de uma saga aclamada, que arrebanha fãs desde seu lançamento em 1965, parecia uma missão difícil. Mas o cineasta Denis Villeneuve nunca teve dúvidas: só existia um nome em sua lista para interpretar o nobre Paul Atreides. “Eu escolhi Timothée por diversas razões. Primeiramente, é um ator fenomenal, que tem profundidade, e é muito maduro para sua idade. Paul Atreides é uma alma velha em um corpo jovem, E Timothée também”, disse o diretor do filme.
Após o sucesso de Me Chame Pelo Seu Nome, o ator embarcou em outro projeto independente que atestou sua força dramática, o filme Querido Menino, voltado para a relação de um pai (vivido por Steve Carell) e seu filho viciado em drogas (Chalamet). Grande fã da série The Office, o jovem ficou deslumbrado por trabalhar ao lado de Carell — e ele não disfarça seu gosto por tietar celebridades no set. “Parece cafona, mas eu me considero ator em terceiro lugar, artista em segundo e um fã em primeiro”, disse em entrevista à revista GQ.
As influências que fizeram Chalamet engrenar na carreira artística estiveram presentes dentro do próprio lar, em Manhattan, nos Estados Unidos. Além de sua irmã, Pauline Chalamet, que é atriz, sua mãe, Nicole Flender, é uma ex-dançarina da Broadway e seu pai, Marc Chalamet, atua como editor da Unicef.
Os primeiros passos como artista foram dados na tradicional Escola de Música, Arte e Artes Cênicas LaGuardia, em Nova York, berço de nomes como Sarah Paulson e Jennifer Aniston. O ensino médio também proporcionou ao ator experimentar áreas como o canto — o que não deu muito certo. Apaixonado por hip hop, Chalamet fez um rap para a aula de estatística sob o pseudônimo de Lil Timmy Tim — o que lhe rendeu uma nota baixa e algumas chacotas na internet graças ao vídeo da performance.
Além de chamar a atenção nas telas, o protagonista de Duna também rouba os olhares pelos tapetes vermelhos em que passa. Em 2019, ele foi eleito o homem mais influente da moda pelo Lyst’s Year in Fashion Index, um relatório anual que analisa vendas de roupas e buscas em mídias sociais para descobrir as celebridades que mais movimentam o mundo da alta costura. Graças a seu senso estético apurado, Chalamet pode escolher livremente seus figurinos para o longa Adoráveis Mulheres, dirigido por Greta Gerwig, amiga de longa data com quem havia trabalhado em Lady Bird. “A verdade é que Jacqueline [Durran], a figurinista, disse que Timothée tem um senso de estilo tão fabuloso que basicamente o deixava fazer o que queria. Ela pendurou um monte de roupas diferentes em seu trailer e disse: ‘Pode escolher as peças que quiser combinar’”, disse Gerwig em entrevista à revista Variety.
De fã deslumbrado por Heath Ledger a queridinho de Hollywood, Chalamet conquistou prestígio por sua versatilidade e por representar tão bem a atual geração de 20 e poucos anos. De um adolescente que se entende com sua sexualidade e um jovem na luta contra as drogas até herói de um filme de orçamento estonteante, o rapaz, hoje aos 25 anos, é cobiçado por estúdios e por fãs histéricos que o acompanham como groupies de banda de rock. Ainda este ano, ele passará pelos cinemas com A Crônica Francesa, novo filme de Wes Anderson, e em um futuro próximo, dará vida ao icônico Willy Wonka. O futuro não tem limites para esse garoto prodígio.