Na tentativa de se conectar aos jovens e às redes sociais, a televisão tem usado um novo e rentável método em seus realities shows: a escalação de influenciadores digitais entre os competidores – como é o caso do Big Brother Brasil 20 e do show de azaração da MTV De Férias com o Ex Brasil – Celebs.
O sucesso The Circle radicaliza a ideia. O programa se propõe a criar novos influenciadores poderosos. No próximo dia 11, estreia na Netflix a versão brasileira da atração, apresentada por Giovana Ewbank. Mas, embora na origem seja um formato inglês, The Circle ganhou projeção mundial com a primeira temporada americana (também disponível na Netflix).
O ganhador do programa americano foi o jovem ator Joey Sasso, que conquistou o público com sua simplicidade. Com o empurrão do The Circle, o rapaz de 25 anos viu seu potencial nas redes explodir do dia para a noite. Passou de meros 1 000 para 560 000 seguidores no Instagram, além de agora faturar com patrocínios. Em entrevista a VEJA, ele fala sobre o tempo solitário no confinamento e narra a experiência de se transformar em influenciador digital:
Você foi o vencedor da primeira temporada de The Circle. Imaginou que chegaria até a final?
Não, nem pensar. Sou uma pessoa positiva. Tenho muitos valores, mas as pessoas são cheias de preconceito, e talvez tivessem por mim. As pessoas podem interpretar informações diferentes dependendo da mensagem de texto – única forma de nos comunicarmos durante o programa. Eu tive medo.
O programa tem como objetivo formar pessoas populares nas redes sociais. Você se considera um influenciador?
Agora eu me considero. Não queria me tornar um, tinha certo preconceito. Eu sempre os enxerguei como algo falso. Querer postar foto mostrando partes do corpo, ou só para falar que se está num determinado lugar em troca de seguidores e likes sempre me pareceu muito superficial. Mas não posso ser hipócrita: o programa abriu muitas oportunidades na minha carreira de ator e modelo. As pessoas me chamam para fotografar, fazer comerciais, programas de televisão.
Mas, então, como é se tornar uma dessas pessoas que você abominava?
É diferente comigo. Eu não me vejo como uma pessoa famosa. Obviamente, a pressão que sinto é que eu tenho mais responsabilidade agora, há pessoas vendo o que eu faço, seguindo meus passos. Eu tento influenciar as pessoas de uma maneira positiva, mostrando quem eu sou. As redes sociais deram poder à minha voz e eu a uso para expressar coisas boas e conscientizar as pessoas sobre fazer o certo.
O que você pensa da tendência nos reality shows atuais de usar ou criar influenciadores digitais?
Eu acho uma ótima sacada. Os influenciadores estão na moda, eles ditam as regras na internet e nas redes sociais. Acredito que foi uma maneira criativa dos realities se renovarem, fazendo com que pessoas mais jovens assistam aos programas. É engraçado, porque eu nunca fui de assistir a esse tipo de atração. Sou mais o cara de filmes. Mas é diferente quando você participa de um, e acho que as pessoas gostam de ver outras pessoas reais, iguais a elas, na televisão. Mesmo que sejam influenciadores, são pessoas sendo pessoas.
Durante o programa você se relacionou com uma das concorrentes, Miranda. E teve de fazer uma escolha difícil que foi eliminá-la para salvar um amigo. As pessoas se solidarizaram com sua atitude. Fora do programa você também é assim?
100%. Sou um homem forte, com cara de bravo, mas tenho um coração muito mole. Amo minha família, meus amigos. E, assim como no programa, sou capaz de tudo para protegê-los. No caso do reality, ou eu salvava o Shubham (que acabou levando o segundo lugar no programa), que eu considerava um irmão para mim, ou uma garota que eu havia acabado de conhecer, mas com quem vivia uma relação interessante. Não pensei duas vezes: salvei ele.
Vocês se falavam por meio de mensagem. Nunca se viram. É possível em tão pouco tempo considerar um outro participante que você não sabe se é real de irmão?
É louco, mas eu e Shubham tivemos uma conexão muito grande. Acredito que todos os cinco finalistas tiveram. Entramos juntos e passamos por todas as eliminações juntos. Protegendo um ao outro. Nossa conexão era muito forte. Nós ficamos isolados em um apartamento, só com um computador. É solitário. Mas eu fico feliz de ter feito amigos de verdade no programa.
Você e Miranda ainda estão juntos?
Pois é, não. Saímos juntos depois do programa, nos encontramos algumas vezes, mas moramos distantes um do outro. Nossa relação não daria certo. Somos grandes amigos.