Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Spike Lee provoca e diverte com ‘Chi-Raq’ em Berlim

Em seu novo filme, Chi-Raq, apresentado fora de competição no Festival de Berlim, o cineasta Spike Lee elegeu, claro, um tema explosivo: a violência de negros contra negros numa área pobre de Chicago, onde houve 2.500 vítimas de armas de fogo nos dez primeiros meses de 2015. Contudo, o assunto sério foi tratado com fluidez […]

Por Mariane Morisawa, de Berlim
16 fev 2016, 18h27
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Em seu novo filme, Chi-Raq, apresentado fora de competição no Festival de Berlim, o cineasta Spike Lee elegeu, claro, um tema explosivo: a violência de negros contra negros numa área pobre de Chicago, onde houve 2.500 vítimas de armas de fogo nos dez primeiros meses de 2015. Contudo, o assunto sério foi tratado com fluidez e humor ao ser associado com a comédia Lisístrata, escrita pelo grego Aristófanes em 411 a.C., em que as mulheres de Atenas, cansadas das guerras contra Esparta, fazem greve de sexo.

    Publicidade

    É a mesma solução encontrada por Lysistrata (Teyonah Parris), namorada de Demtrius Dupree (Nick Cannon), também conhecido como o rapper Chi-Raq, junção de Chicago e Iraque, e líder da gangue Spartans. Do outro lado está Cíclope (Wesley Snipes), que comanda a gangue Trojans.

    Publicidade

    Quando a pequena Patti é morta no fogo cruzado, Lysistrata e as outras mulheres da comunidade, como a mãe da menina, Irene (Jennifer Hudson), e Miss Helen (Angela Bassett), decidem dar um basta.

    O roteiro de Lee em parceria com Kevin Wilmott foi feito em formas de versos, como o original de Aristófanes, aproximando-se do rap. Samuel L. Jackson interpreta Dolmedes, que atua como o coro grego, contextualizando o que acontece. Chi-Raq é a primeira produção do Amazon Studios. Com sua mistura de tragédia, comédia, sátira e musical, alcança um resultado dinâmico e forte.

    Publicidade

    Continua após a publicidade

    Competição – O recurso da metáfora para falar de uma séria realidade social também foi utilizada por alguns dos filmes que concorrem pelo Urso de Ouro, como o tunisiano Inhebbek Hedi, de Mohamed Ben Attia; o chinês Chang Jiang Tu, de Yang Chao; e o bósnio Smrt u Sarajevu (Morte em Sarajevo, na tradução livre), de Danis Tanovic.

    Tanovic, cujo Um Episódio na Vida de um Catador de Ferro-Velho ganhou o Grande Prêmio do Júri em Berlim em 2013, inspira-se livremente na peça de Bernard-Henri Lévy Hotel Europa, com uma estrutura panorâmica e supostamente solta que lembra os filmes de Robert Altman.

    Publicidade

    Leia também:

    Festival de Berlim: em ‘Genius’, Colin Firth e Jude Law brilham ​

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Festival de Berlim celebra a poesia e discute o aborto

    Um hotel em Sarajevo torna-se um microcosmo do país, da região dos Bálcãs e da própria Europa durante a homenagem aos cem anos do assassinato, nas ruas da cidade, do herdeiro do Império Austro-Húngaro Francisco Fernando pelo estudante bósnio Gavrilo Princip, que foi o estopim da Primeira Guerra Mundial.

    Publicidade

    Como boa parte do continente, o Hotel Europa está à beira da falência. O gerente Omer (Izudin Bajrovic) tenta administrar os problemas durante a visita de diversos membros da União Europeia, enquanto os funcionários ensaiam uma greve. Uma jornalista faz entrevistas sobre a data comemorativa, discutindo os conflitos ainda existentes entre os povos balcânicos, em especial entre sérvios, croatas e bósnio-herzegovinos. Também indaga se Princip é um herói por ter se livrado de um invasor – Sarajevo fazia parte do Império Austro-Húngaro na época – ou um terrorista. Assim como Lee, Tanovic trata de assuntos muito preocupantes, mas com uma pitada cômica.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.