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Só a maldade salva

Babilônia, a nova novela das 9, quebra o marasmo ao investir no embate entre duas vilãs poderosas. Mas seu maior trunfo é resgatar os fundamentos do melodrama

Por Marcelo Marthe e Mario Mendes
21 mar 2015, 01h00

Quando ainda costuravam o elenco de Babilônia, os autores e a direção da nova novela das 9 da Globo tinham duas vagas preen­chi­das com absoluta convicção. Camila Pitanga seria a opção perfeita para o papel da heroína Regina, moça pobre mas que não dobra a espinha diante de uma tragédia familiar e, com sua barraca de praia, tenta vencer na vida. Gloria Pires aceitou viver Beatriz, a vilã que volta de Portugal com um currículo suspeitíssimo e vai abalar as estruturas do bairro carioca do Leme. Também nesse caso, ninguém duvidava do acerto da decisão: era um sonho ter a atriz de novo na pele de uma megera, e numa novela do mesmo Gilberto Braga, quase trinta anos depois da antológica Maria de Fátima de Vale Tudo. Mas uma vaga permanecia em aberto. Após várias reuniões entre Braga e os coautores Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, além do diretor Dennis Carvalho, surgiu o nome que fecharia o elenco demolidor: por que não convocar Adriana Esteves, intérprete da mais marcante vilã recente das novelas – a Carminha de Avenida Brasil – para o posto de rival de Beatriz na maldade? “Já que na história tínhamos duas vilãs espetaculares, a decisão foi mais ou menos óbvia. O prazer de vê-las em um duelo entusiasmou a todos. E, claro, sabíamos que a junção das duas ia causar expectativa”, diz Silvio de Abreu, comandante da área de novelas da emissora. A lógica é investir em um embate como os daqueles programas da TV paga em que dois monstros carismáticos – digamos, um tubarão assassino e uma lula gigante – travam uma luta apocalíptica.

Logo no primeiro capítulo de Babilônia, exibido na semana passada, revelou-se o acerto de colocar os tanques na rua. Já nas chamadas, aliás, a trinca de mulherões despertava um desejo incontível de conferir a trama – coisa raríssima hoje em dia. O grande trunfo da novela, contudo, é resgatar sem pudor os fundamentos do melodrama, como a exploração do ponto de vista feminino e do sofrimento na máxima voltagem. Esse é, afinal, o DNA das novelas – e, no entanto, é um artigo que andava em falta: o fundo do poço foi a desastrosa Em Família, com sua história chocha sobre o nada. No passado glorioso do gênero, Gilberto Braga manipulou esses ingredientes com maestria. As­sim como ocorria em Vale Tudo, é prazeroso para os fãs dos clássicos filmes de mulheres de Hollywood detectar referências salpicadas na trama. “Sou cinéfilo, bebo sempre dessa fonte”, diz Gilberto Braga.

É reconfortante notar que as três personagens não precisam segurar a onda sozinhas: o roteiro ágil resultou na estreia mais promissora do horário das 9 desde a inspirada Avenida Brasil, de 2012 (agora é rezar para que continue assim). Em um único capítulo, a endiabrada Beatriz seduziu três homens e matou um deles – o pai da mocinha Regina – com frieza. Com apenas três minutos no ar, as velhinhas lésbicas vividas por Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg trocaram um beijão na boca. Foi de Ricardo Linhares a ideia de botar o beijo logo no primeiro capítulo – a cena foi aprovada por Carlos Henrique Schroder, diretor-geral da Globo, dias antes da exibição. “Como ícones da TV, as duas atrizes dão credibilidade às personagens”, diz Linhares.

Apesar de promissora, Babilônia colheu uma audiência morna em sua estreia, de 33 pontos em São Paulo. Mas até nisso se viu um sinal dos tempos: o capítulo bombou nas redes sociais, coisa hoje tão estratégica quanto o ibope. Com 7,5 milhões de tuítes, a repercussão no Twitter foi 33% maior que a da estreia da antecessora Império (por sinal, uma nulidade em repercussão nas redes). Arrasaram, suas víboras.

Com reportagem de Bruno Meier

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