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Sem latino-americanos, europeus dominam o 66º Festival de Berlim

Dos 18 filmes da competição, 11 são do continente. O Brasil participa do evento na mostra paralela Panorama com três longas, incluindo o novo Anna Muylaert, diretora de 'Que Horas Ela Volta?'

Por Da Redação
11 fev 2016, 12h09

A Europa domina a competição do 66º Festival de Berlim, que neste ano terá o grupo de jurados presidido pela atriz Meryl Streep. O evento começou nesta quinta-feira com a exibição fora de concurso de Ave, César!, dos irmãos Ethan e Joel Coen, e vai até o próximo domingo. Dos 18 títulos que disputam o Urso de Ouro, 11 são do continente – sem contar as coproduções, como Inhebbek Hedi, do estreante em longas-metragens Mohamed Ben Attia, feito em parceria entre a Tunísia, a Bélgica e a França. A América Latina, que ano passado teve três longas em competição, ficou de fora desta vez.

Entre os selecionados estão alguns nomes conhecidos, como o francês André Téchiné, que foi crítico da revista Cahiers du Cinéma nos anos 1960, assistente de Jacques Rivette e ganhou o prêmio de direção em Cannes em 1985 com Rendez-vous. Seu novo filme, Quand on a 17 Anos (Aos 17 anos, em tradução livre), fala sobre a convivência entre dois adolescentes que não se dão bem, um deles de origem norte-africana.

Também volta a Berlim o bósnio Danis Tanovic, vencedor do Grande Prêmio do Júri há três anos com Um Episódio na Vida de um Catador de Ferro Velho. O seu Smrt u Sarajevu (Morte em Sarajevo, na tradução livre), coprodução entre França e Bósnia e Herzegovina, se passa em um hotel, no centenário do assassinato do herdeiro do Império Austro-Húngaro Francisco Fernando pelo estudante Gavrilo Princip, que foi o estopim da Primeira Guerra Mundial.

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Já o dinamarquês Thomas Vinterberg, fundador do movimento Dogma 95 (que pregava um cinema sem grandes interferências, feito com luz natural e sem trilha sonora), retorna ao festival seis anos depois de disputar com Submarino e quatro após apresentar A Caça em Cannes. O longa Kollektivet (A Comunidade, na tradução livre), coprodução entre Dinamarca, Suécia e Holanda, narra a história de um casal que convida amigos para morar com eles numa casa grande no subúrbio.

Estreia – Entre os estreantes no cinema, está o conceituado diretor teatral inglês Michael Grandage, que apresenta Genius (Gênio, na tradução livre), feito em parceria entre Reino Unido e Estados Unidos e baseado na biografia de A. Scott Berg sobre o editor literário nova-iorquino Max Perkins (Colin Firth), que assinou os primeiros contratos com Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald. Nos anos 1920, ele descobre o escritor Thomas Wolfe (Jude Law), que acredita ser um gênio e com quem estabelece uma relação obsessiva. No elenco também estão Nicole Kidman, Laura Linney, Guy Pearce (como F. Scott Fitzgerald) e Dominic West (no papel de Hemingway).

Outro filme do festival que foi beaseado em uma obra literária é Alone in Berlin (Sozinhos em Berlim, na tradução livre), terceiro longa do ator suíço Vincent Perez. A coprodução entre Alemanha, França e Grã-Bretanha que adapta o romance de Hans Fallada inspirado na história real do casal Otto (Brendan Gleeson) e Elise Hampel – no livro e no filme, ela recebe o nome de Anna (Emma Thompson). Os dois fazem propaganda contra o nazismo e Adolf Hitler. O português Ivo M. Ferreira também fala de conflito em Cartas da Guerra, baseado nos textos do escritor António Lobo Antunes no período em que serviu em Angola na década de 1970.

Mulheres – Mia Hansen-Løve exibirá L’Avenir (O Que Está Por Vir, na tradução livre), financiado pela França e Alemanha, sobre uma professora de filosofia (Isabelle Huppert) que precisa se reinventar depois de ser abandonada pelo marido. Uma personagem feminina também está no centro da trama do alemão 24 Wochen (24 Semanas, na tradução livre), de Anne Zohra Berrached. A comediante Astrid (Julia Jentsch) fica em dúvida quando se aproxima o nascimento de seu segundo bebê, que ela sabe ter problemas de saúde. Além disso, quatro mulheres são as protagonistas de Zjednoczone Stany Milosci (Estados Unidos do Amor, na tradução livre do inglês), coprodução entre Polônia e Suécia dirigida por Tomasz Wasilewski. O filme se passa nos anos 1990, quando a sociedade polonesa passava por muitas transformações com o fim do comunismo.

O diretor iraniano Rafi Pitts vai à fronteira entre o México e os Estados Unidos para contar a história de Nero (Johnny Ortiz), que imigra para Los Angeles e, para conseguir o greencard, entra nas Forças Armadas e vai combater no Oriente Médio, em Soy Nero (Sou Nero, na tradução livre), produzido por Alemanha, França e México. Já italiano Gianfranco Rosi, que surpreendeu ao levar o Leão de Ouro em Veneza em 2013 com o documentário Sacro GRA, sobre os habitantes ao longo do rodoanel de Roma, desta vez filmou na ilha de Lampedusa, onde diariamente chegam centenas de refugiados da África,e originou também documental Fuocoammare (Fogo no Mar, na tradução livre), coprodução entre Itália e França.

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O Canadá aparece na competição com Boris Sans Béatrice (Boris sem Beatrice, na tradução livre), de Denis Côté, mais um que volta a Berlim depois de Vic + Flo Viram um Urso. Aqui, o bem-sucedido Boris (James Hyndman) começa a receber ligações misteriosas de um estranho que o confronta com questões complexas e o leva a repensar sua vida. Os Estados Unidos têm dois representantes no festival: Midnight Special (Especial da Meia-noite, na tradução livre), de Jeff Nichols (O Abrigo e Amor Bandido), sobre um pai (Michael Shannon) e seu filho com poderes extraordinários; e o documentário Zero Days (Zero dias, na tradução livre), de Alex Gibney, sobre o vírus de computador Stuxnet, supostamente criado pelos governos americano e israelense para sabotar o programa nuclear iraniano e que se espalhou pela rede.

Há três representantes asiáticos no festical. O chinês Chang Jiang Tu (Contracorrente, na tradução livre), de Yang Chao, sobre a viagem de um homem pelo rio Yangtze; o iraniano Ejhdeha Vared Mishavad! (Um Dragão Chega!, na tradução livre), de Mani Haghighi, sobre uma investigação envolta em mistério; e Hele Sa Hiwagang Hapis (Uma Canção para o Mistério Triste, na tradução livre do inglês), coprodução entre Filipinas e Singapura dirigida por Lav Diaz. O filme trata de um mito da revolução filipina contra o domínio colonial espanhol e promete testar a paciência e o cansaço do público, da imprensa e do júri presidido por Meryl Streep com seus 485 minutos de duração – ou seja, 8 horas.

Brasileiros – Um ano depois de ganhar o prêmio do público da seção Panorama, circuito não competitivo do festival, com Que Horas Ela Volta?, Anna Muylaert apresenta na mesma mostra Mãe Só Há Uma, sobre um adolescente que descobre ter sido raptado na maternidade por sua mãe. Ela é presa e o garoto precisa se adaptar à sua família biológica.

Fábio Baldo e Sérgio Andrade contam a história de um jovem indígena dividido entre o mundo em que foi criado e a sociedade moderna onde agora está em Antes o Tempo Não Acabava, exibido na seção Panorama. Na mesma mostra, Marcos Prado vem com Curumim, sobre o brasileiro Marco Archer, preso na Indonésia com cocaína escondida na mala e executado no ano passado. Já Gustavo Jahn e Melissa Dullus mostram Muito Romântico na seção Forum Expanded, que também tem o curta Ruína, de Gabraz Sanna. Diego Zon exibe o curta documentário Das Águas que Passam, na mostra Berlinale Shorts.

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