O governo garante que está combatendo o desmatamento, mas ONGs dizem o contrário. Quem está com a razão? A verdade é que o governo está mentindo brutalmente. Como combater o desmatamento se os quadros do Ibama foram dilapidados? Não há mais controle. A Funai hoje é uma catástrofe.
O presidente Bolsonaro disse que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, está lutando contra “xiitas ambientais”. O que o senhor acha dessa visão? Não sou um xiita ambiental. Penso que o Brasil poderia ter um retorno financeiro do planeta vinte ou trinta vezes maior se preservasse a floresta, em vez de destruí-la. A opção do governo é predatória. É um projeto de destruição.
Como vê a investigação de Salles por suspeita de envolvimento no contrabando de madeira? É uma denúncia que veio dos Estados Unidos. E o que foi enviado para a Europa e para Ásia e não foi denunciado? As fotos do desmatamento são de arrepiar. Não posso acusar ninguém, mas é terrível imaginar um ministro do Meio Ambiente envolvido num caso desses.
Em uma live de Bolsonaro, o presidente da Funai, Marcelo Xavier, disse ser possível uma “convergência” entre garimpo e terra indígena. É possível? É profundamente duvidosa a ação da Funai hoje. Acho terrível o que está acontecendo, inclusive em terra indígena ianomâmi, com a invasão de garimpeiros sob a proteção da Funai.
Celebridades de Hollywood se engajaram na preservação da Amazônia. Até que ponto esse apoio faz diferença? É uma participação importante, mas não é só Hollywood. Temos artistas na França, grandes intelectuais e políticos estrangeiros. O planeta inteiro está engajado. É um movimento global. Os únicos que não estão engajados são as pessoas que estão no poder no Brasil.
Publicado em VEJA de 16 de junho de 2021, edição nº 2742.