Demitido da TV Gazeta em julho, após fazer uma piada com Edir Macedo, dono da Record e bispo-mor da Igreja Universal, em seu programa A Semana, o jornalista e ex-CQC Ronald Rios culpa o acordo comercial que a igreja possui com a emissora pela sua dispensa. “Fizemos uma piada zoando o Edir Macedo, baseado numa matéria clássica do Jornal Nacional. A Universal compra horário na Gazeta. Fomos cancelados três dias depois”, diz.
LEIA TAMBÉM:
Repórter Ronald Rios, demitido do ‘CQC’, critica Band
No segmento, Rios comentava uma notícia de que a Record negociava fazer uma série e um filme sobre Suzane von Richthofen. Ao final, ele exibiu um trecho de uma reportagem do JN que mostrava Edir Macedo “ensinando” os pastores de sua igreja a incentivar os fiéis a doarem dinheiro para a instituição. O vídeo foi tirado do ar do site e do canal no YouTube da Gazeta, mas foi resgatado nesta terça-feira pelo colunista Mauricio Stycer, do portal Uol.
A Gazeta nega que o cancelamento do programa e a demissão de Rios estejam relacionadas com a Igreja Universal. “O projeto A Semana não foi bem avaliado pela emissora, que tinha restrições artísticas ao produto e decidiu descontinuá-lo”, disse o canal em comunicado. Rios afirma que o programa tinha elevado a audiência da Gazeta, que fica entre 0,2 e 0,5 pontos. “A gente levava pra 0,8 constantemente”, diz. “E era o programa mais assistido deles no YouTube.” Procurada pelo site de VEJA, a emissora diz que audiência não foi a questão – e que não costuma cobrar audiência de seus programas.
“O apresentador foi comunicado e reagiu de forma destemperada à notícia, não deixando espaço para uma conversa que poderia ter resultado na produção de outro produto. Diante disso, o contrato foi denunciado e rescindido com fiel cumprimento das cláusulas pactuadas”, continua a Gazeta no comunicado, ao que Rios responde que isso é “mentira, calúnia e difamação”.
O jornalista diz também que nunca foi avisado que não poderia fazer piada com Edir Macedo e que não puniram mais ninguém que deveria ter visto o VT antes de ir ao ar. “Eu recebi a notícia do cancelamento em uma terça. Fui para casa. Estava esperando até sexta para ver se iríamos fazer algo. Novamente, o diretor do núcleo me chamou só pra dizer ‘não’. Isso porque já tínhamos combinado que eu faria a segunda temporada do Historias do Rap Nacional. Já estava acertado, apalavrado. Mas a palavra deles cada dia vale menos.”
Desde a demissão, Rios afirma que recebeu convite de outros canais para discutir propostas. “Conversei, achei tudo ruim e sem garantia de liberdade. Então decidi me aposentar (da TV). Melhor morrer de pé que viver de joelhos.”