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Presidente do Masp: Classificação etária foi adotada com tristeza

Heitor Martins se vê no centro da guerra ente artistas e conservadores ao restringir acesso a exposição sobre sexualidade a visitantes com 18 anos ou mais

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 out 2017, 14h21 - Publicado em 27 out 2017, 13h57

Consultor empresarial e dono de uma poderosa coleção privada de arte brasileira, Heitor Martins, de 49 anos, tem usado seus conhecimentos financeiros para sanar instituições artísticas. Depois de equilibrar as contas da Fundação Bienal de São Paulo na condição de presidente, assumiu o comando do Museu de Arte de São Paulo (Masp) em 2014 e trilhou o mesmo caminho. O museu paulistano, que reúne a maior coleção de arte europeia fora da Europa e dos Estados Unidos, somava débitos de mais de 75 milhões de reais. De lá para cá, Martins equacionou as dívidas ao promover mudanças na equipe e atrair doações do empresariado. Sua gestão passava longe de controvérsias até que a exposição Histórias da Sexualidade começou a fazer barulho dias antes de sua abertura, em 20 de outubro, na esteira de polêmicas de outros eventos de arte, como a mostra Queermuseu, cancelada em Porto Alegre em razão de protestos inflamados. Pela primeira vez, uma mostra do Masp será proibida para menores de 18 anos. Por quê? Martins explica que só tomou essa decisão, que ele próprio lamenta, depois que advogados contatados pelo museu apontaram o risco de a exposição ser suspensa pela Justiça, com base em alguns pontos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A seguir, um trecho da sua entrevista.

 

Histórias da Sexualidade estava planejada desde 2015. Quando a classificação etária passou a ser discutida? Houve uma reunião do Conselho do Masp em 20 de setembro e, nesse dia, apresentamos as alternativas legais para a mostra. A questão da classificação etária ganhou dimensão em virtude do que vem acontecendo em nossa sociedade. O debate está quente e, ao abrirmos a exposição, nós nos colocamos no centro dele. Queríamos assegurar a realização da mostra para que o público tivesse acesso às obras e a essa pesquisa curatorial, que é séria e profunda e envolveu um trabalho de mais de dois anos ao custo de cerca de 1,5 milhão de reais. Queríamos garantir que o museu fosse um espaço de liberdade de expressão. Ao mesmo tempo, pareceu-nos imprescindível fazer isso dentro dos parâmetros do Estatuto da Criança e do Adolescente. Contratamos um escritório especializado, o Lilla, Huck, Otranto, Camargo, que indicou que a única forma era adotar a classificação de 18 anos. Foi com tristeza que tomamos essa decisão.

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Pela credibilidade que possui, o Masp não poderia ter comprado a briga, já que se trata de decisão a contragosto? O nosso papel é bancar a exposição. Garantir que ela ocorra e, com ela, o debate. O que há é uma restrição etária por questões legais, o que é diferente de censura.

O escritório Lilla, Huck tem entre os sócios o pai de um conselheiro do Masp, o apresentador Luciano Huck. É uma indicação dele? Não. O sócio responsável pelo escritório, que é especializado no tema, era colega de nossa diretora de relações institucionais, Juliana Sá, e fez o trabalho pro bono. O Luciano Huck, assim como os conselheiros em geral, não tem participação no dia a dia do museu. Ele não foi consultado e não opinou em nenhum tema relacionado a essa ou a outras mostras. O Luciano colabora financeiramente e participa das nossas reuniões, em que contribui com temas referentes à divulgação em redes sociais, na TV e na mídia impressa, um assunto do qual ele entende muito. Nos outros campos, ele é bastante reservado. Nesse caso da classificação etária, nenhum dos 83 conselheiros interferiu.

 

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