Os cineastas Gabriel Mascaro e Anna Muylaert decidiram tirar seus mais recentes trabalhos, Boi Neon e Mãe Só Há Uma, respectivamente, da disputa pela indicação do Brasil à categoria de melhor filme estrangeiro do Oscar. A intenção é dar destaque ao filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que, segundo ambos, estaria sofrendo uma retaliação política.
A teoria advém da presença de Marcos Petrucelli entre os nove nomeados para participar da comissão responsável pela escolha – Petrucelli é um forte crítico do pernambucano e da ação promovida por ele no tapete vermelho do Festival de Cannes, onde sua equipe protagonizou um protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff. Outro recente episódio dado como político foi a classificação indicativa que o longa recebeu do Ministério da Justiça, para maiores de 18 anos.
Os três longas foram bem recebidos em festivais internacionais, portanto, seriam escolhas prováveis para a seleção anual feita pelo Ministério da Cultura, responsável por eleger qual produção nacional tem chances de conquistar uma vaga na cerimônia.
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Em uma publicação na página do filme Boi Neon no Facebook, a equipe tornou pública a decisão e explica: “É lamentável que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, endosse na comissão de seleção um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional ao fazer declarações, sem apresentação de provas, contra a equipe do filme Aquarius, após o seu protesto no tapete vermelho de Cannes”.
Sobre o assunto, o Ministério da Cultura divulgou a seguinte nota oficial: “A inscrição dos filmes brasileiros postulantes ao Oscar de filme estrangeiro está aberta até o dia 31/8. O Ministério da Cultura reforça a confiança na capacidade e na isenção da comissão escolhida pela Secretaria do Audiovisual. A escolha do filme atende a critérios estritamente técnicos. Até o presente momento, não houve registro de retirada de qualquer candidatura”.