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Oscar 2020: por que Klaus e não Frozen?

Filme de Natal da Netflix é a grande surpresa da lista de animações; da qual as queridinhas (e lucrativas) Elsa e Anna ficaram de fora

Por Maria Clara Vieira 16 jan 2020, 19h13

Em seus 18 anos de existência, o Oscar de Melhor Animação é um dos prêmios mais “manjados” da noite de gala do cinema internacional. Apesar da vitória arrebatadora de Shrek, dos estúdios DreamWorks em 2002, os anos seguintes foram marcados por uma repetição tanto merecida quanto enfadonha: 12 prêmios foram abocanhados por parcerias entre os estúdios Pixar e Walt Disney World (unidos em um “felizes para sempre” bilionário desde 2009), que emplacaram favoritos em quase todas as edições do evento. No ano passado, a derrota de Os Incríveis 2 para Homem Aranha do Aranhaverso, por exemplo, surpreendeu o mercado da animação, que tende a preterir produções em 2D em nome das caríssimas animações computadorizadas – vencedoras invictas da década. A lista de 2020, entretanto, reforça os sinais de que o conglomerado do Mickey está, aos poucos, perdendo sua hegemonia no mundo da animação – a começar pela ausência de Frozen 2, a aguardadíssima continuação da história que quebrou recordes internacionais de licenciamento e encantou a academia em 2014.

“Era uma conta certa que o novo Frozen estaria na lista”, avalia o ex-presidente da Academia Brasileira de Cinema de Animação, Marcelo Marão, que explica que o orçamento de distribuição da obra é quase sempre o mesmo de produção – o que impacta diretamente na decisão da academia. “Os membros do Oscar não são obrigados a assistir a todos os filmes e há poucos entre eles que são especializados em animação. Na prática, quem é mais visto tem mais chances de vencer”, reforça o animador. Por esta lógica, era esperado que a sequência do filme que rendeu à Pixar um prêmio honorário em 1996, antes mesmo da criação da categoria, estivesse bem cotada para o prêmio. Ainda assim, Toy Story 4 – o único representante da Disney na lista – não está entre os favoritos do ano. Apesar de ter recebido boas críticas, a avaliação geral é de que o longa não bateu o filme anterior, vencedor de 2011. “Foi muito difícil superar Toy Story 3. Essa coisa de fazer uma sequência só para atender o mercado e lucrar em cima do que é garantido não se sustenta com o tempo”, diz a Aida Queiroz, diretora do Anima Mundi, que aplica a mesma lógica a Como Treinar Seu Dragão 3. “Tudo isso é medo de trazer uma temática nova”, avalia a especialista.

Neste contexto, chama a atenção a surpreendente nomeação de “Klaus”, o longa-metragem do espanhol Sergio Pablos veiculado pela Netflix que encantou crítica e público no final do ano passado. O filme, que custou cerca de 40 milhões de dólares – apenas 20% do orçamento de Toy Story 4 -, é a primeira indicação da categoria a falar sobre o Natal. Apesar do tema clichê, a história do carteiro arrogante obrigado a trabalhar em uma terra gelada que se alia a um misterioso fabricante de brinquedos para entregar presentes é bem contada e conta com o trunfo de uma estética que alia nostalgia e modernidade. “A iluminação de ‘Klaus’ é feita de modo que o filme se pareça com 2D, porém com luzes e sombras que dão uma terceira dimensão. Um avanço técnico considerável”, afirma Aida. Vale ressaltar que Pablos trabalhou na Disney até 2009, quando o estúdio lançou seu último longa com a técnica antiga. “Essa aliança entre o saudoso 2D e o realismo moderno é a cara do trabalho dele. Tem tamanho de Oscar”, diz Marão.

No campo da técnica, ressalte-se também a presença da obra O Link Perdido, da produtora Laika (Coraline e A Noiva Cadáver), especializada em animações em stop-motion, e do drama francês Perdi Meu Corpo, que bebe da influência dos animes japoneses e também foi alçado ao estrelato graças à gigante do streaming Netflix. A animação conta a macabra história de uma mão decepada e mistura romance e mistério em um roteiro pouco usual para a categoria – o que garante algum favoritismo à concorrência. Ainda assim, a chancela da academia a roteiros e técnicas tão diversas ajuda a diversificar o mercado. Ganha o público e o cinema.

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