Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Os 100 anos de ‘Nosferatu’, o precursor dos filmes de vampiros

Lançado em 1922, o longa baseado em ‘Drácula’ foi um dos principais expoentes do expressionismo alemão — e até hoje dita o padrão do gênero

Por Gabriela Caputo 15 mar 2022, 08h29

Há exatos 100 anos estreava na Alemanha o longa-metragem que viria a ser um dos grandes títulos do expressionismo alemão, do cinema mudo e do terror. Nosferatu (1922), de Friedrich Wilhelm Murnau, foi a primeira produção para as telas a apresentar um vampiro como elemento central e trouxe percepções visuais que ficaram de legado para gerações de cineastas que retornaram ao tema de lá até hoje. O filme foi, na verdade, amplamente baseado no clássico Drácula (1897), de Bram Stoker — mas a recusa da família em vender os direitos autorais da obra para a produtora fez com que o icônico longa de Murnau criasse uma mitologia própria na figura do decrépito Nosferatu – vivido com tenebroso brio pelo alemão Max Schreck.

Em 1921, os alemães Albin Grau e Enrico Dieckmann fundaram a produtora Prana Film, cujo único trabalho foi Nosferatu. Grau queria desenvolver um filme de vampiros a partir de uma experiência pessoal na I Guerra Mundial, quando ouviu de um agricultor que seu pai fora um vampiro. A partir disso, pediram para Henrik Galeen, que tinha experiência em suspense, para que trabalhasse em um roteiro baseado em Drácula, e contrataram Murnau como diretor. Os herdeiros de Bram Stoker não concederam a permissão necessária para que o romance fosse adaptado — mas isso não parou a equipe. Galeen fez algumas alterações no enredo, sobretudo nos nomes dos personagens: Nosferatu conta a história do Conde Orlok, um vampiro que se muda para a cidade de Wisborg, onde se apaixona por Ellen Hutter, ao passo que aterroriza o local. 

Apesar das mudanças na narrativa, os familiares do autor tomaram medidas legais e processaram o filme por plágio, o que levou a uma decisão judicial que demandou a destruição de todas as cópias do filme. Algumas delas sobreviveram, claro, levando a obra a ser reproduzido vezes o suficiente para se tornar um clássico do gênero — principalmente após 1962, quando Drácula entrou oficialmente em domínio público.

Como clássico do expressionismo alemão, Nosferatu exprime elementos como sombras e contrastes, imagens distorcidas e cenários e caracterizações exageradas. O objetivo dos cineastas locais da época era dar destaque às angústias humanas através do visual macabro e diverso da realidade — sobretudo porque o movimento floresceu em meio a guerra e às consequências econômicas que assolaram a Alemanha. Dessa forma, emoções agoniantes e temas mais densos eram refletidos a partir da imagem, em filmes como O Gabinete do Dr. Caligari (1920), de Robert Wiene, e Metrópolis (1927), de Fritz Lang. Muito em razão do tom sinistro, o expressionismo encontrou terreno fértil no terror. No caso de Nosferatu, Murnau criou uma atmosfera de pesadelo, retratando a miséria humana através do pavor que um vampiro de dentes, unhas e sobrancelhas pontudas desperta em uma cidade e seus moradores. E assim se fez um legado de 100 anos, que até hoje assusta e fascina os amantes do cinema – e deixou muitos filhotes monstruosos por aí.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.