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Olga Tokarczuk e Peter Handke conquistam o Nobel de Literatura

A escolha de dois vencedores supre o hiato do ano passado, quando um escândalo de assédio sexual tomou os bastidores da Academia Sueca

Por Redação
Atualizado em 10 out 2019, 16h07 - Publicado em 10 out 2019, 08h14
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  • Olga Tokarczuk e Peter Handke foram anunciados nesta quinta-feira 10 como vencedores do Nobel de Literatura. A polonesa ganhou o prêmio pelo ano de 2018 e o austríaco, por 2019.

     

    Olga Tokarczuk

    Segundo o Nobel, a inovação de Olga veio com seu terceiro romance, Prawiek i inne czasy, de 1996 (Primitivo e Outros Tempos, em tradução livre). O livro, sem edição no Brasil, é, segundo o comitê, “um excelente exemplo de nova literatura polonesa”. Comparado a Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, o livro se passa em uma vila mítica e acompanha a história de três gerações de uma mesma família. O local é afetado por invasões e guerras, alegorias políticas da história da Polônia, território crucial do leste europeu nas duas grandes guerras e da entrada comunista no continente.

    “A obra-prima de Olga Tokarczuk, até agora, é o impressionante romance histórico Księgi Jakubowe, de 2014 (Os Livros de Jacó). Ela mostrou neste trabalho a capacidade suprema do romance de representar um caso quase além da compreensão humana”, acrescentou o comitê. O calhamaço de 900 páginas conta a história de Jakob Frank, um líder judeu que fundou uma seita e forçou a conversão de amigos ao catolicismo no século XVIII. A obra virou best-seller no país, mas acendeu a ira da extrema direita local: a editora de Olga chegou a contratar seguranças para protegê-la após ameaças de morte.

    Pouco conhecida no Brasil, Olga terá dois livros lançados por aqui pela editora Todavia. O primeiro, previsto para novembro, é Sobre os Ossos dos Mortos, obra adaptada para o cinema no filme Rastros (2017), vencedor do Urso de Prata em Berlim. Em seguida, a editora prepara a tradução de Flights (Viagens, em título provisório), que conquistou o prêmio Man Booker International no ano passado.

    Peter Handke

    Handke, de 76 anos, nasceu em 1942, na região de Kärnten, no sul da Áustria. Seu romance de estreia, Die Hornissen, (As Vespas, em tradução livre), foi publicado em 1966. “Mais de cinquenta anos depois do lançamento de seu primeiro livro, tendo produzido um grande número de obras em diferentes gêneros, estabeleceu-se como um dos escritores mais influentes da Europa após a Segunda Guerra Mundial. A arte peculiar de Handke é a extraordinária atenção às paisagens e à presença material do mundo, que fez do cinema e da pintura duas de suas maiores fontes de inspiração,” avaliou o comitê.

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    Para além da literatura, Handke é dono de uma interessante carreira no cinema. Escreveu roteiros de filmes como Asas do Desejo (1987) e Movimento em Falso (1975), dirigidos por Wim Wenders, e dirigiu obras como A Mulher Canhota (1978), indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes do mesmo ano.

    A Alemanha é o cenário favorito dos romances do autor que hoje mora na França em Chaville, um subúrbio de Paris. Figura controversa, Handke é aclamado por sua literatura e roteiros de filmes humanistas, mas, ao mesmo tempo, foi próximo do ex-presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, acusado de genocídio e condenado em Haia por crimes de guerra. O escritor compareceu ao julgamento e, em 2006, foi criticado por discursar no velório do homem conhecido como “carniceiro dos Balcãs”.

    Curiosamente Handke chegou a dizer que o Nobel de Literatura deveria ser extinto. “É uma falsa canonização” que “não traz nada ao leitor”, disse o agora vencedor. Por enquanto, dois títulos de Handke foram publicados no Brasil: Don Juan (Narrado por Ele Mesmo), de 2007, e A Perda da Imagem: Ou Através da Sierra de Gredos, de 2009, ambos pela editora Estação Liberdade

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    Hiato

    A escolha de dois vencedores este ano vem para suprir o hiato do ano passado, quando um escândalo de assédio sexual tomou os bastidores da Academia Sueca, que, em resposta, cancelou a premiação em 2018.

    O caso envolvia Jean-Claude Arnault, marido de Katarina Frostenson, escritora e membro da Academia, acusado de assédio sexual por 18 mulheres. Os depoimentos vieram à tona com o fervor do movimento #MeToo, que denunciou casos de abusos em Hollywood. Na época, sete dos 18 membros da academia, entre eles a secretária permanente, Sara Danius, renunciaram.

    Ao cancelar a entrega do prêmio, a instituição disse que perdeu a “confiança” no mundo exterior e que estava “enfraquecida”. A Academia declarou ainda que precisava de “tempo para recuperar sua força plena, envolver um número maior de membros ativos e restaurar a confiança nela antes de escolher um novo vencedor”.

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    Em outubro do ano passado, aos 72 anos, Jean-Claude Arnault foi condenado a dois anos de prisão por estuprar duas vezes, em outubro e dezembro de 2011, uma jovem em um apartamento em Estocolmo.

    O Nobel de Literatura já havia sido cancelado ou adiado outras sete vezes, em sua maioria por causa de guerras. Desde 1949, contudo, não ocorria algo do tipo. Cada Nobel vale 9 milhões de coroas suecas – quase 4 milhões de reais.

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