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O som da revolução (?)

O dubstep, gênero musical eletrônico que surgiu no começo dos anos 2000 na Inglaterra, é uma colagem com a cara da geração Y

Por Carol Nogueira
14 Maio 2012, 07h34

O som de dois robôs fazendo sexo. Não parece uma descrição muito convidativa, mas é assim que se costuma falar, com ironia, sobre o dubstep, gênero musical eletrônico que surgiu no começo dos anos 2000 na Inglaterra, mas cresceu em proporção assustadora no último ano, e que ainda vai ser muito falado. Neste fim de semana, o gênero foi mostrado por dois artistas internacionais no festival Sónar, em São Paulo: os britânicos Skream e James Blake. Além deles, havia o DJ brasileiro Bruno Belluomini, criador da festa mais longeva de dubstep do Brasil, a Tranquera. No mês passado, também tocou na cidade, no festival Lollapalooza, o americano Skrillex, responsável por conferir popularidade e apelo comercial ao estilo.

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O novo (complete a frase) – Basta dar um Google para se deparar com uma cena hilária. Como toda novidade, o dubstep tem sido comparado a outros gêneros musicais para facilitar a compreensão. Só que, na ânsia de caracterizá-lo como algo revolucionário, pesado e de apelo jovem, ele já foi chamado de “novo rock”, “novo metal”, “novo punk” e até de “novo grunge”. Nada a ver com o estilo musical em si, mas, sim, com o arrebatamento causado por ele e pela grande popularidade de artistas como Skrillex, que pode, de fato, ser comparada a de um rockstar. De certa forma, o “chacoalhão” que o dubstep está dando na música pode ser comparado ao que foi feito pelo punk e pelo grunge. Até o crítico Jon Caramanica, do jornal americano The New York Times, escreveu há alguns meses que o dubstep “já está pronto para lotar os estádios de amanhã, assim que aqueles caras com guitarras forem embora.”

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Revolução – No ano passado, enquanto estudantes londrinos saíam às ruas para protestar, no que ficou conhecido como “London riots”, o som que tocava nas ruas era justamente o dubstep. Não demorou até que o estilo musical fosse apelidado de “música da revolução”. O país que foi berço de uma prolífica cena musical revolucionária punk nos anos 1970, quando surgiram em Londres grupos como Sex Pistols e The Clash, não está enganado: o dubstep é a música revolucionária dessa década, ou pelo menos uma delas.

Há uma sensação de estagnação na música mundial, que vê no dubstep um respiro. O gênero não se parece com nada, e, ao mesmo tempo, remete a tudo — é uma colagem com a cara da geração Y. A dança que caracteriza o dubstep difere dos tipos de dança comum justamente por poder ser feita de qualquer jeito. Se, antes, dançar era fazer movimentos harmoniosos com o corpo, no dubstep, o bacana é mexer-se da maneira mais estranha possível: corpo retorcido, pulos, gestos robóticos com braços e mãos. Há, também, gente que pula como se estivesse em um show de rock. Há vários exemplos divertidos no YouTube.

Essa heterogenia o ajuda a se misturar a outros estilos, por isso, tem sido usado por artistas pop famosos, entre eles, Britney Spears, Rihanna, Snoop Dogg e até a banda Korn, em seus discos mais recentes. E mesmo entre os artistas do gênero há diferenças. Enquanto Skrillex mistura reggae, hip hop e rock em suas “composições”, e o DJ Skream remixa até Nirvana (Smells Like Teen Spirit), James Blake opta por um som mais minimalista — o que já o faz ser caracterizado como “pós-dubstep”.

Ao contrário da maioria dos gêneros musicais, definir exatamente o som do dubstep é difícil. Em parte, porque essa definição incluiria termos como “graves”, “batidas rápidas e irregulares”, que não querem dizer nada (ou querem?). Melhor dizer que o dubstep tem um som robótico, futurista, paranoico. E que talvez seja, mesmo, a música do futuro.

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