O impossível não rolou, diz diretor de ‘Bingo’
Daniel Rezende fala sobre fim do sonho de levar o filme à premiação da Academia de Hollywood: 'trabalhamos bastante, mas não rolou'
E não deu de novo para o Brasil no Oscar. Bingo – O Rei das Manhãs ficou de fora da semifinal, ou “shortlist”, com nove concorrentes a melhor produção em língua estrangeira. “Não é uma categoria fácil, principalmente num ano em que concorreram 92 longas, um recorde”, disse o diretor Daniel Rezende a VEJA, de Londres, onde continua a campanha pelos prêmios Bafta (Academia de Cinema e Televisão Britânica). “Trabalhamos bastante para que acontecesse o impossível e Bingo fosse indicado, mas não rolou.”
Rezende preferiu destacar o trabalho feito. “A campanha foi intensa, focada em mostrar o filme para a maior quantidade possível de votantes da Academia, concentrando em Los Angeles e Nova York. Uma indicação depende de muitos fatores, não apenas da qualidade do filme e do acesso a ele.” Agora, o diretor brasileiro disse que vai torcer pelo único latino-americano, o chileno Uma Mulher Fantástica – as indicações serão anunciadas em 23 de janeiro. Enquanto isso, permanece em campanha. “Continuamos atrás do impossível. Estou em Londres promovendo o filme para o Bafta, e a recepção tem sido muito boa. A repercussão do filme fora do país me deixa muito feliz.”
Todos os nove semifinalistas na categoria filme em língua estrangeira foram exibidos num dos três grandes festivais internacionais: Berlim, Cannes ou Veneza. Oito deles foram premiados. De Berlim, saíram o húngaro Corpo e Alma, da diretora Ildikó Enyedi, que levou o Urso de Ouro de melhor filme; o chileno Uma Mulher Fantástica, de Sebastián Lelio, vencedor do Urso de Prata de roteiro; o senegalês Félicité, de Alain Gomis, ganhador do Grande Prêmio do Júri; e o sul-africano Os Iniciados, de John Trengove, que abriu a seção paralela Panorama depois de ser exibido em Sundance.
De Cannes, vieram o sueco The Square – A Arte da Discórdia, de Ruben Östlund, que ganhou a Palma de Ouro; o russo Loveless, de Andrey Zvyagintsev, vencedor do prêmio do júri; e o alemão Em Pedaços, de Fatih Akin, que deu o troféu de melhor atriz a Diane Kruger. De Veneza, o israelense Foxtrot, de Samuel Maoz; Grande Prêmio do Júri, e o libanês O Insulto, de Ziad Doueiri, Coppa Volpi de melhor ator para Kamel El Basha. Claro que ser premiado em festival internacional não garante nada. Que o diga a grande zebra do ano, o francês 120 Batimentos por Minuto, de Robin Campillo, Grande Prêmio do Júri em Cannes e um dos favoritos, que ficou de fora da “shortlist”.
Dos nove semifinalistas, quatro – Uma Mulher Fantástica, Em Pedaços, Loveless e The Square – também concorrem ao Globo de Ouro, que tem regras diferentes das do Oscar. Um outro fator em comum: dos nove semifinalistas, três (Uma Mulher Fantástica, Loveless e Foxtrot) são distribuídos nos Estados Unidos pela poderosa Sony Pictures Classics, que já venceu Oscar na categoria treze vezes, inclusive por Amor e A Separação.