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O ano dos faraós: Egito reacende fascínio por sua história em 2022

País celebra datas vitais para a compreensão da cultura ocidental com abertura de museus

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 jan 2022, 08h00

Pelas ruas do Cairo, de Alexandria, de Luxor ou de Gizé, corre um divertido questionamento: qual será a revolucionária descoberta guardada para esta temporada? O ano de 2022, afinal, é especial para os egípcios, pois marca duas efemérides redondas, o bicentenário e o centenário de dois atos fundamentais da egiptologia, como é chamado o estudo da fascinante civilização milenar cuja cultura moldou toda a humanidade. Celebram-se os 200 anos do feito do lexicógrafo francês Jean-François Champollion, que decifrou os hieróglifos cravados na Pedra de Roseta, um enorme pedaço de granito encontrado décadas antes nas invasões napoleônicas à região, e os 100 anos da descoberta da tumba do faraó Tutancâmon pelo britânico Howard Carter. O turismo do país ainda se recupera do baque causado pela Covid-19, mas pega carona nos feitos históricos e confia em uma programação especial para voltar a seduzir os amantes de pirâmides, múmias e muito mais.

O fascínio pelo Egito ganhou impulso, em 1822, com o enigma revelado da Roseta. A pedra trazia a mesma mensagem em três escritas distintas e, ao comparar o egípcio antigo com o demótico, sua variante tardia, e o grego antigo, Champollion desvendou o segredo milenar. “Trata-se de um artefato fundante e essencial para todo o Ocidente”, diz Daniel Justi, doutor em história comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Seshat, o centro de pesquisas de arqueologia do Egito antigo da instituição. Um século depois, as luzes sobre Tutancâmon, que governou o Egito por apenas uma década, até sua morte precoce, aos 19 anos, por volta de 1325 a.C., inauguraram uma nova era. O achado ganhou repercussão mundial, num contexto pós-I Guerra, e abriu as portas do Egito ao mundo. Se a Pedra de Roseta, disputada há séculos por franceses, britânicos e egípcios, deve permanecer no Museu Britânico de Londres, os restos mortais de Tutancâmon deixarão o Vale dos Reis, às margens do Rio Nilo, em Luxor, para ser o item mais precioso do Grande Museu Egípcio, em Gizé, que deve ser inaugurado em 4 novembro, a data exata do centenário da reaparição do faraó menino.

arte Egito

Projetado para ser o maior centro arqueológico do mundo, com tecnologia avançada e até exposições em realidade virtual, ele fará concorrência a outros dois espetaculares espaços, o Museu Egípcio da Praça Tahrir, no Cairo, fundado em 1902, e o Museu Nacional da Civilização Egípcia (MNCE), em Fustat, a primeira capital muçulmana do país, recém-aberto com uma exuberante procissão, o “desfile de ouro” dos restos de dezoito reis e quatro rainhas. Na sala das múmias, que dá ao visitante a sensação de estar no próprio Vale dos Reis, é ensinada a arte da mumificação, o tratamento dado aos faraós mortos, considerados emissários dos deuses. As cidades de Sohag e Sharm el-Sheikh também inauguraram museus para tentar atrair atenção para além do eixo.

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Nem só de tesouros faraônicos vive o turismo local. Uma nova cena gastronômica e também expedições para as montanhas, com destaque para a famosa Trilha do Monte Sinai, atraem visitantes de todo o mundo. Outra caminhada imperdível, mas curtinha — de apenas 2,7 quilômetros — é pela Avenida das Esfinges, a estrada que liga os templos de Karnak e Luxor, reaberta há dois meses após anos de trabalho árduo de reconstrução. Com mais de 1 300 esfinges, a monumental avenida começou a ser construída no século IV a.C.

O Egito não está entre os destinos internacionais mais procurados por brasileiros. Em 2021, ficou em 31º lugar nas buscas da Decolar, a maior agência virtual do país, que oferece pacotes com passagens de ida e volta e hospedagem de sete dias no Cairo por 3 700 reais. Para a egiptóloga Cintia Rolland, o país merece ser visitado, em qualquer época. “Há muito mais para ver do que as famosas pirâmides, como o Vale dos Reis e Rainhas, os Templo de Karnak, Dendera e Abidos, a região desértica, o Mar Vermelho”, diz Cintia, doutora em religião egípcia pela EPHE-Sorbonne e coordenadora do curso de história da FMU, que deu entrevista diretamente do Cairo, onde está a trabalho. “Por aqui, passaram, além dos próprios egípcios antigos, os gregos, os romanos, os persas, as tropas de Napoleão”, diz ela. Trata-se, de fato, de um lugar marcante para toda a humanidade.

Publicado em VEJA de 2 de fevereiro de 2022, edição nº 2774

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