Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Novo disco consagra os Foo Fighters como reis do bom-mocismo no rock

Com o alegre e certinho 'Medicine At Midnight', a banda prova que as boas intenções dominaram um gênero musical antes tido como subversivo

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 fev 2021, 17h21 - Publicado em 5 fev 2021, 06h00

Durante as gravações do novo disco do Foo Fighters, Medicine At Midnight, lançado nesta sexta-feira, 5, o vocalista Dave Grohl volta e meia preparava um churrascão de costela para seus colegas de banda. “Nessas noites, todos apenas sentávamos e comíamos até cansar”, disse a VEJA o guitarrista Chris Shiflett. “O ritual servia para criar um espírito de camaradagem entre nós.” A anedota ilustra como a personalidade gregária e simpática de Grohl vem mantendo, lá se vão 27 anos, a coesão de seu grupo — formado logo após o trágico fim do Nirvana, em que tocava bateria e no qual viu de perto a espiral autodestrutiva do vocalista Kurt Cobain, que se suicidou em 1994. Grohl fez do Foo Fighters uma antítese do antigo conjunto. Mantém-se longe de controvérsias e comportamentos questionáveis — e faz questão de abraçar todas as causas humanitárias ao alcance.

+ Compre o vinil de Medicine At Midnight

Aos poucos, o Foo Fighters foi se convertendo no exemplo máximo de uma categoria hoje prolífica: os roqueiros bons moços. Já faz tempo, afinal, que o gênero deixou de ter como marca principal as brigas, abusos de álcool e drogas, sexo com fãs e desrespeito com o público que faziam parte do manual do rockstar. Se no passado os roqueiros cabeludos inspiravam terror nos pais, hoje os integrantes de bandas como o respeitável Foo Fighters, o sonolento Coldplay e o descafeinado Imagine Dragons são rapazes, como diziam as avós de antigamente, “para casar”.

+ Compre o livro This is a call: A vida e a música de Dave Grohl

O bom-mocismo não reside só no comportamento manso: inclui também a adesão às causas bem-intencionadas e politicamente corretas. Posse de Joe Biden? O Foo Fighters compareceu, claro, levando suas guitarras à festa do liberalismo americano. “Fiquei feliz por ver Donald Trump indo embora”, disse Shiflett. “Muitas pessoas não acompanham a política de perto e ficaram em choque com o governo de Trump. Vocês têm o Bolsonaro aí no Brasil, que representa a mesma coisa.” No novo álbum, a faixa Waiting on a War ganhou uma “carta explicativa” assinada por Grohl. Nela, o vocalista diz que passou a infância com medo de um conflito nuclear, devido à tensão da Guerra Fria. Agora, sua filha também estaria sujeita à tensão. “Ela está vivendo sob a mesma nuvem negra de um futuro sem esperança, como eu sentia há quarenta anos”, exagerou ele.

Continua após a publicidade

+ Compre o livro Foo Fighters

Grohl veste o figurino do bem com sinceridade. Em 2015, quebrou a perna no meio de um show e, em vez de interromper a performance para se socorrer, seguiu até o fim em respeito ao público. Os shows seguintes não foram cancelados. Com a perna engessada, ele cantou sentado em um trono de guitarras similar ao Trono de Ferro de Game of Thrones. “A imagem, a persona e o nosso marketing sempre apontaram para uma postura brincalhona, meio boba, sabe?”, diz Shiflett.

+ Compre o livro Heavier than heaven – Mais pesado que o céu: Uma biografia de Kurt Cobain

As letras do novo disco comprovam a obsessão da banda com as mensagens que deseja transmitir. Elas vão da pregação contra a violência à relação entre pais e filhos — e exalam otimismo. Apontado como um dos caras mais “legais” do rock, Grohl expandiu sua personalidade alegre logo após a morte de Kurt Cobain. “Fomos acusados ​​de ser a banda menos perigosa do mundo, e acho que isso se justifica de alguma forma, porque eu sei como é estar naquela outra banda (Nirvana), e sei a que isso pode levar”, disse ele recentemente ao jornal The New York Times. Grohl tem razão. Quem precisa de rebeldia se um roqueiro boa-pra­ça faz tanto barulho?

Continua após a publicidade

Publicado em VEJA de 10 de fevereiro de 2021, edição nº 2724

VEJA RECOMENDA | Conheça a lista dos livros mais vendidos da revista e nossas indicações especiais para você.

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

Medicine At Midnight
Medicine At Midnight
This is a call: A vida e a música de Dave Grohl
This is a call: A vida e a música de Dave Grohl
Foo Fighters
Foo Fighters
Heavier than heaven – Mais pesado que o céu: Uma biografia de Kurt Cobain
Heavier than heaven – Mais pesado que o céu: Uma biografia de Kurt Cobain

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.