Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Novas bombas no horizonte do caso Marcius Melhem x Dani Calabresa

Como a recente vitória na Justiça do ex-diretor da Globo sobre a atriz pode influenciar o rumo do julgamento do caso de assédio sexual

Por Da Redação Atualizado em 6 ago 2022, 11h44 - Publicado em 6 ago 2022, 10h54

Desde que virou personagem central de um grande escândalo ao ser acusado por 12 mulheres pela prática de assédio sexual e moral, Marcius Melhem, ex-diretor do núcleo de humor da Globo, promove uma cruzada jurídica para tentar resgatar sua honra, que inclui uma ação por danos morais movida contra a atriz Dani Calabresa, o nome mais conhecido da lista de supostas vítimas. Melhem nega tudo e se diz alvo de uma vingança promovida por ela, devido a desentendimentos profissionais ocorridos em 2019. Na quarta, 3, ele obteve uma vitória expressiva contra a tentativa da defesa da atriz de proibi-lo de continuar divulgando na imprensa uma série de conversas por WhatsApp entre eles. Essas mensagens são consideradas provas essenciais para rebater as acusações.

Ironicamente, a tentativa fracassada da defesa das supostas vítimas para manter esse tipo de detalhe fora da mídia ocorre depois que o escândalo veio à tona justamente pela imprensa, com participação direta dessas mesmas denunciantes. O caso ganhou dimensão a partir do final de 2020, via reportagem da revista Piauí, construída a partir de entrevistas realizadas por pessoas que preferiram se manter no anonimato (o chamado “off”, no jargão jornalístico). Calabresa jamais negou de forma veemente ter sido uma das principais fontes da reportagem em questão, que começa com o relato de uma festa ocorrida em novembro de 2017 na qual Melhem teria tentado agarrá-la à força. Após a publicação dessa reportagem, ela comemorou num post no Instagram a repercussão, endossando indiretamente o conteúdo, e se justificou: “Nunca quis ser vista como mulher assediada. Mas, para recuperar minha saúde, precisei me defender”, escreveu.

Antes da reportagem da Piauí, a advogada Mayra Cotta deu a primeira entrevista sobre os detalhes desse escândalo, à Folha de S. Paulo, em outubro de 2020. Dizendo-se à época representante de seis vítimas de assédio sexual e seis testemunhas desses casos, ela classificou Melhem como um “chefe que se vale de sua posição para tentar usar o poder que tinha de contratar ou demitir para as constranger e se envolver com ele”. A advogada acrescentou ainda que Melhem tinha o comportamento recorrente: o de trancar mulheres em espaços e as tentar agarrar, contra a vontade delas. Na reportagem da Folha, quando questionada por que essas vítimas não vinham a público fazer as denúncias, justificou que elas sentiam medo. “Um chefe assediador tem essa capacidade de criar um temor permanente nas pessoas”, disse Mayra Cotta.

A advogada até hoje representa as supostas vítimas e esteve diretamente envolvida na tentativa de barrar a divulgação das mensagens de WhatsApp entre Melhem e Dani Calabresa. Ao comentar a decisão da última quarta, a propósito, a assessoria de Dani Calabresa divulgou uma nota segundo a qual a defesa dela lamenta a decisão da liberação dos diálogos (não cabe mais recurso). “Infelizmente, temos assistido a uma série de vazamentos, sempre com o objetivo de atingir a reputação das denunciantes. Confiamos que a Justiça comprovará todas as denúncias, apoiadas em provas e testemunhas”, afirma a nota em questão.

Continua após a publicidade

Devido a esse histórico, a recente liberação dos diálogos foi muito comemorada pela defesa do ex-diretor. Na visão dos advogados, havia um desequilíbrio evidente no processo: enquanto a execração de Melhem foi feita pela imprensa, grande parte das provas dele contra as acusações publicadas por veículos como a Piauí permaneciam longe das vistas do público, por força do sigilo decretado pela Justiça e que sempre foi defendido pela equipe jurídica das supostas vítimas (apenas parte desse conteúdo vazou até agora na imprensa).

Segundo a defesa do ex-diretor global, na relação entre Melhem e Calabresa, por exemplo, os diálogos anexados ao processo deixam evidente que, ao longo da convivência deles, era comum os dois trocarem elogios e fazerem piadas e insinuações de cunho sexual. Na ocasião da festa de 2017, segundo Melhem, ele e Calabresa “trocaram beijos e carinhos” em uma área reservada, de forma consensual. No mesmo evento, Melhem afirma ter ficado com uma amiga convidada por Calabresa (essa informação não consta na reportagem da Piauí). Ainda relacionada à noitada, ele reproduz uma mensagem da atriz no grupo de WhatsApp Zorra em que ela diz no dia seguinte que a festa foi um “bapho”. Em outra mensagem, trocada entre ela e Melhem um mês depois, num contexto de brincadeira entre ambos, a atriz escreve: “Deus te deu vários dons” e, entre os emojis, coloca uma berinjela. Em seguida, completa: “Desculpa, o emoji certo era esse” — e envia a figura de um microfone.

A decisão de liberar a divulgação desse tipo de material pode ter outros desdobramentos importantes nos processos, pois Melhem entregou à Justiça o celular com centenas de diálogos ocorridos entre 2016 e 2019 contendo conversas não apenas com Dani Calabresa, mas também com outras das supostas vítimas que o acusam de assédio sexual (aliás, umas das principais singularidades do caso reside no fato de o suposto assediador ter procurado a Justiça para procurar reparação nos tribunais, e não o contrário). Melhem assume ter mantido relações consensuais com algumas delas, o que essas mensagens comprovariam de forma cabal. A liberação dos diálogos com Dani Calabresa pode gerar um efeito-cascata na Justiça, abrindo o sigilo sobre o restante desse conteúdo. Nessa hipótese, aumentará ainda mais o potencial de combustão desse caso complexo e rumoroso.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.