Lançado há 20 anos pela Eletronic Arts, o jogo Need for Speed se consolidou como um dos mais relevantes quando o assunto é game de corrida. A longevidade o fez acompanhar gerações e a popularidade o garantiu no seleto hall da fama de “jogos-celebridades” – lugar ocupado por títulos como Super Mario Bros, Street Fighter e Mortal Kombat, trio que, assim como Need for Speed, ganhou versões para as salas escuras.
A boa notícia é que Need for Speed – O Filme, que chega nesta quinta-feira, dia 13, aos cinemas brasileiros, é bem melhor que as adaptações de seus colegas citados. Contudo, a base de comparação não é das mais altas.
Dirigido por Scott Waugh, que antes havia assinado apenas Ato de Valor (2012), mas tem em seu currículo uma extensa experiência como dublê, o longa passa longe de ser intimista, muito menos merece ganhar prêmios expressivos. Seu trunfo reside no óbvio conjunto de elementos de uma típica e divertida produção hollywoodiana.
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A fórmula fácil começa com a união de um game já conhecido com o ator do momento: Aaron Paul. O querido e estranho Jesse Pinkman, personagem da aclamada série Breaking Bad, deu ao ator status suficiente para causar burburinho em seu primeiro trabalho como protagonista pós-seriado no cinema.
Os demais ingredientes do entretenimento barato estão em 1) personagens com emoções à flor da pele, 2) presença desnecessária de uma mulher bonita que dá início a um romance delivery e 3) cenas de ação realistas e bem feitas, que prendem o espectador, sem precisar beirar o absurdo, como feito na franquia bilionária Velozes & Furiosos.
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Como no jogo original não há uma história, apenas carros acelerados disputando corridas e sendo perseguidos por viaturas de polícia, o roteiro ficou totalmente nas mãos dos irmãos George e John Gatins. Na trama, Tobey Marshall, personagem de Paul, possui uma oficina de carros e, após o expediente, compete em rachas pela cidade. Beirando a falência, ele topa finalizar um Ford Mustang que estava nas mãos da lenda do mundo automobilístico Carroll Shelby antes de sua morte, em 2012. O trabalho só é ingrato por ter sido encomendado por Dino Brewster (vivido por um sardônico Dominic Cooper), ex-colega de corridas, que se tornou piloto oficial da Nascar e no caminho levou consigo a antiga paixão de Marshall, Anita (na pele da insossa Dakota Johnson).
O trabalho se transforma em uma aposta: quem ganhar uma corrida feita com os ilegais supercarros suecos da Koenigsegg ganha uma bolada milionária. O racha causa uma morte e, mesmo sendo inocente, Marshall é sentenciado a dois anos de prisão. Ao sair de lá, tudo o que ele quer é vingança. Para tanto, ele busca o comprador do Ford Mustang, pede o carro emprestado para participar de uma famosa corrida ilegal, ganha de brinde dentro do veículo a bela Julia (Imogen Poots), e se embrenha nas estradas dos Estados Unidos em busca da chance de competir com seu arqui-inimigo Dino e provar sua inocência.
Longe de ser inovadora, a história é repleta de falhas e clichês entediantes. Já as cenas de ação, gravadas em externas, e não dentro de um estúdio simulado com efeitos especiais, merecem respeito. Fãs de carros e de filmes com alta dose de adrenalina não ficarão decepcionados. O mesmo não pode ser dito do público que conheceu Paul em Breaking Bad e que gostava de dormir com a cabeça cheia de teorias após assistir a um episódio da série. Estes podem economizar o dinheiro do ingresso de cinema.