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Memória: Os tons da criatividade

As despedidas em 2020 no mundo das artes e do design

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 dez 2020, 09h33 - Publicado em 24 dez 2020, 06h00

CHRISTO, artista plástico

Christo
(Wolfgang Volz/VEJA)

Em 1976, vinte anos depois de fugir do regime comunista da Bulgária natal, o artista plástico Christo Vladimirov Javacheff fez sua primeira viagem à Alemanha, ainda dividida pelo muro. A passagem por Berlim acendeu nele um desejo. Vislumbrou na magnitude do Palácio do Reichstag, sede histórica do Parlamento, uma tela em branco. Ao lado da mulher e parceira de trabalho, a francesa Jeanne-Claude, inventou de “embrulhar” o prédio. Na época, o Reichstag ainda exibia as feridas do incêndio de 1933, marco da tomada do poder pelos nazistas. Christo levou duas décadas até obter autorização e levantar recursos próprios (ele não aceitava incentivos públicos) para concluir o projeto Wrapped Reichstag. Por fim, ao longo de duas semanas, em 1995, o edifício apareceu coberto por um imenso lençol alvo. A ideia: esconder o passado antes de revelar a Alemanha moderna. A singular obra foi o ápice de seu trabalho, famoso por empacotar monumentos, como o Arco do Triunfo e a Pont Neuf, em Paris. Alterava as paisagens sempre com materiais recicláveis (pano, plástico ou latão), um alerta sobre o exagerado consumismo e para a relevância dos cuidados com o ambiente. Recluso e sempre modesto, o artista tratava com ironia as interpretações de suas invenções. “Fazemos coisas bonitas, inacreditavelmente inúteis e desnecessárias”, dizia. Morreu em 31 de maio, aos 84 anos, em Nova York, de causas naturais.

MILTON GLASER, designer

Milton Glaser
(Neville Elder/Corbis/Getty Images)

O Push Pin Studios, em Manhattan, era uma fábrica de criatividade nos psicodélicos anos 1960. Para Milton Glaser, um de seus idealizadores, as pranchetas e folhas de papel eram “influenciadas por toda a história visual da humanidade”. Ali nasceu uma das imagens mais reveladoras e inspiradas daquele tempo tão cheio de contradições: o pôster da coletânea Greatest Hits, de Bob Dylan, em 1967. Combinava as cores vivas da paleta hippie com as linhas sinuosas da arte islâmica, os caracóis em arco-íris do compositor sobre uma foto de perfil, em preto e branco. Simples e poderosa, marco de uma geração, como seria, nos anos 1970, a logomarca rabiscada para celebrar o renascimento da violenta Nova York. Glaser desenhou com lápis de cera um coração vermelho atrás de um envelope de papel, cercado pelas letras: “I NY”. A solução absurdamente simples condensou com graça e leveza, e de maneira atemporal, o sentimento dos moradores e turistas. Hoje, a aconchegante marca é um dos símbolos mais reconhecidos no mundo. Glaser morreu em 26 de junho, aos 91 anos, de derrame cerebral, em Nova York.

Publicado em VEJA de 30 de dezembro de 2020, edição nº 2719

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