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Memória: Mercedes Barcha e Jorge Zalszupin

A primeira leitora de García Márquez e um ícone do modernismo

Por Da Redação Atualizado em 26 ago 2020, 16h41 - Publicado em 21 ago 2020, 06h00

Gabriel García Márquez (1927-2014) via o mundo pelos olhos da mulher, Mercedes Barcha. Era ela, segundo o Nobel de Literatura colombiano, quem fazia a vida real andar — âncora para as viagens mentais e o desleixo cotidiano do mestre do realismo fantástico. Em sua autobiografia, Viver para Contar, ele narra um episódio com aparência de ficção, mas e daí? É bom demais para ser desdenhado. García Márquez conta que no dia que terminou o manuscrito de Cem Anos de Solidão, nos anos 1960, ele e a mulher foram a uma agência de correio da Cidade do México para enviá-lo à editora na Argentina que demonstrara interesse pelo livro. Um funcionário pesou as folhas datilografadas e disse que a remessa custaria 83 pesos. O casal tinha somente 45 pesos. Os dois decidiram então enviar metade da obra, a parte que poderiam pagar. O restante iria depois. “Então fomos para casa e Mercedes pegou as coisas que faltava penhorar”, disse Gabo. Ela empenhou o aquecedor, seu secador de cabelo, a batedeira. Aborrecida, mas esperançosa e um tanto irônica, disse ao marido: “Agora só falta o romance ser ruim”. O resto é história.

García Márquez e Mercedes foram casados durante 56 anos e tiveram dois filhos, Rodrigo e Gonzalo. Era ela quem lia a primeiríssima versão a máquina dos trabalhos do escritor. “Meu signo é peixes e minha mulher, minha esposa, é Mercedes. São as duas coisas mais importantes que me aconteceram na vida, porque graças a elas, pelo menos até o momento, consegui sobreviver escrevendo”, disse em 1973. Mercedes morreu em 15 de agosto, aos 87 anos, de causas não reveladas, na Cidade do México.

Um ícone do modernismo

ELEGÂNCIA - O arquiteto de origem polonesa e a Poltrona Dinamarquesa (ao lado): na trilha de Oscar Niemeyer – (Sergio Morita/Fernando Laszlo/Divulgação)

Nascido na Polônia e exilado na Romênia, para onde a família fugiu do Holocausto, Jorge Zalszupin cedo foi atraído pela arquitetura e pelo mobiliário ao ter nas mãos um pequeno livro com desenhos e comentários de Le Corbusier. Não tardou para se interessar pelo movimento modernista brasileiro que culminaria na Brasília imaginada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. A viagem para o Brasil, em 1949, era o destino natural de seus anseios — e aqui ele faria carreira de reputação internacional. Sua fábrica de móveis, a L’Atelier, fundada em 1959, em São Paulo, viraria ímã incontornável da elegância feita em madeira, de mãos dadas com os traços de Niemeyer. Sua obra mais conhecida é a Poltrona Dinamarquesa, homenagem aos mestres escandinavos Hans Wegner e Finn Juhl, mas de inspiração brasileiríssima. As curvas dos braços e as pernas finas e estreitas lembram alguns dos detalhes arquitetônicos do Palácio da Alvorada. Zalszupin morreu aos 98 anos, em São Paulo, em 17 de agosto, de causas não divulgadas pela família.

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Publicado em VEJA de 26 de agosto de 2020, edição nº 2701

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