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Mansarda, baldaquim ou camembert: nomes próprios que se tornaram comuns

Por Por Myriam CHAPLAIN-RIOU
14 fev 2012, 14h31

Muitos sabem que ‘poubelle’, lata de lixo, em francês, vem do nome de um chefe de polícia e que a guilhotina derivou de seu inventor, o doutor Guillotin. Mas poucos sabem que musselina – um tecido leve e transparente – vem da cidade de Mossul e que a palavra gadget, para designar um pequeno e moderno dispositivo mecânico ou eletrônico foi tirada de Emile Gaget.

Quantos moradores de Corbeil, na região parisiense, sabem que a palavra francesa ‘corbillard’ (coche de defunto) deve seu nome à cidade? Quem consegue ver, ainda, uma relação entre croata e gravata – um acessório inspirado, em 1670, na vestimenta usada pelos cavaleiros desta região?

Todos estes segredos são revelados no livro “2.500 nomes próprios que se tornaram comuns”, numa tradução livre (editora Avant-propos) do linguista belga Georges Lebouc, autor de 40 obras e um estudioso de idiomas, que se delicia com essas joias etimológicas e encanta o leitor curioso.

Ele joga com os epônimos (que dá ou empresta seu nome a alguma coisa), as antonomásias (substituição de um nome próprio por um comum ou uma perífrase. Ex.: o cisne de Mântua (Virgílio); a águia de Haia (Rui Barbosa); ou um nero (um homem cruel); um romeu (um homem apaixonado) e as hipálages (figura de retórica que atribui a certas palavras de uma frase o que convém logicamente a outras da mesma frase, claras ou subentendidas. Ex.: o raspar espavorido de fósforos (Eça de Queirós, A Correspondência de Fradique Mendes, p. 9)

“Muitas destas palavras têm uma história apaixonante, às vezes engraçada e às vezes desconhecida”, sublinha o autor.

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Mais de um terço das palavras compiladas neste livro têm uma origem geográfica. Entre elas estão, certamente, os célebres queijos franceses que devem seu nome aos locais onde nasceram, antigas aldeias como Camembert, Livarot ou Pont-l’Evêque.

A origem dos macios pulôveres de caxemira nasceu na província do mesmo nome, nos confins da Índia, do Paquistão e da China, sendo muito familiar entre os friorentos, principalmente se eles dormem num leito de baldaquinos (uma espécie de dossel, sustentado por colunas – nome que vem de Bagdá). A musselina tira seu nome de uma outra cidade iraquiana, Mossul, famosa na Antiguidade pela qualidade de seu algodão e que, infelizmente, hoje, passou a ser conhecida pelos atentados que são praticados aí.

O cavalo castrado veio da Hungria, onde era comum o procedimento.

O biquíni, lançado pelo francês Louis Réard, tirou o nome do atol americano do Pacífico, onde eram testadas as bombas atômicas.

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Outra fonte fértil são os personagens religiosos (monges dominicanos ou franciscanos, os cantos gregorianos) ou históricos como o arquiteto François Mansart (1598-1666), “pai” da mansarda.

Muitas pessoas ilustres emprestaram seus nomes a especialidades culinárias, como o chateaubriand, filés espessos servidos com um molho amarronzado, inventado pelo cozinheiro do escritor; o ‘hachis parmentier’ (carne moída com purê de batata) deve seu nome a Antoine-Augustin Parmentier que introduziu a batata inglesa na França na época de Luís XVI, ou o sanduíche, criado pelo cozinheiro de Lord John Montagu, quarto conde de Sandwich no século XVIII.

O hambúrguer ainda é um enigma. Vindo da cidade alemã de Hamburgo para uns, ou de um sanduíche especial de carne servido num subúrbio da cidade americana de Buffalo, para outros, ou ainda de “ham” (presunto, em inglês) e “burgher” (burguês)…

O autor do livro, Georges Lebouc, nascido em 1936, destacou as curiosidades observadas nas línguas que ensinou, como italiano, espanhol, o ‘bruxellois’, o bruxelense, uma de suas especialidades, sem esquecer o francês, a língua de seu pai. Nos últimos anos, ele vem se dedicando à história de Bruxelas, sua cidade natal.

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