Divergências com a direção da organização social responsável pela gestão do Teatro São Pedro levaram o maestro Roberto Duarte a pedir demissão, na tarde de segunda, 12, do posto de diretor artístico. No cargo desde o início de 2010, ele afirmou que não aceitou “a remoção de quaisquer poderes de decisão, quanto ao repertório, daqueles que são os reais profissionais da área, isto é, o diretor artístico e o regente titular”.
Até 2011, a gestão do Teatro São Pedro pertencia à APAA (Associação Paulista de Amigos da Arte), mas, em 2012, passou a pertencer ao Instituto Pensarte, que criou um conselho artístico para ajudar a montar a temporada do teatro e sua orquestra (Orthesp). “Nossa participação, minha e do regente titular Emiliano Patarra, natural e obrigatória, neste colegiado foi minimizada ao nos ser concedida apenas voz em suas reuniões”, diz Duarte.
Na primeira reunião do conselho, continua o maestro, “críticas exacerbadas” foram feitas ao seu trabalho. Nos últimos meses, o repertório escolhido por Duarte tem sido alvo de críticas, em especial pela presença de óperas como O Guarani, de Carlos Gomes, consideradas grandes demais para o palco do São Pedro.
A temporada 2012, que já estava elaborada desde fins de 2011, foi avaliada pelo novo conselho e considerada acima das possibilidades financeiras. “Realizadas as modificações necessárias, apresentamos no dia 6 de março uma nova temporada. E houve novo questionamento, agora não na parte financeira, mas em relação à parte técnica”, diz o maestro.
“Finalmente, o conselho decidiu mudar não só um dos títulos, mas também o autor, com alegações técnicas com as quais eu absolutamente não concordo”, diz. “Foram atitudes pouco elegantes, desrespeitosas e não dignas em relação a mim como profissional e ao que tenho produzido até hoje no Brasil e no exterior.”
Repertório – A temporada ainda não havia sido anunciada oficialmente, mas a reportagem apurou que havia títulos como Il Trovatore, de Verdi, e um pequeno festival dedicado a Carlos Gomes, com óperas como O Guarani, já levada ao palco no ano passado, e Lo Schiavo. Duarte é especialista na obra do compositor.
Com a saída do maestro, devem ser encenadas As Bodas de Fígaro, de Mozart, e O Elixir do Amor, de Donizetti. O Instituto Pensarte não confirma os valores, mas a temporada pode contar com um orçamento de R$ 1,5 milhão e será completada por concertos e recitais.
(Com Agência Estado)