O Museu do Louvre se uniu à casa de leilões Sotheby’s para investigar a proveniência de obras adquiridas pelo museu durante a II Guerra Mundial. O projeto irá rastrear o passado de peças compradas pela instituição francesa entre 1933 e 1945, quando muitas famílias judias foram saqueadas por nazistas. O patrocínio da Sotheby’s dura três anos e ajudará a financiar pesquisas que “podem levar a restituições, digitalização, organização de seminários, jornadas de estudo e publicações”, disse o Louvre em comunicado ao site The Art Newspaper.
“Este patrocínio ecoa o compromisso da Sotheby’s com a restituição de obras que mudaram de mãos entre 1933 e 1945. Foi a primeira casa de leilões internacional a ter um departamento dedicado à pesquisa de proveniência e restituição.” destaca o comunicado, fazendo referência ao departamento de restituição da Sotheby’s fundado ainda em 1997.
O projeto é mais uma investida do Louvre na tentativa de tornar seu acervo mais transparente e de identificar obras de proveniência desconhecida. Em 2020, a instituição contratou para essa função a historiadora da arte Emmanuelle Pollack, integrante de uma força-tarefa alemã que repatriou 1 500 peças. Nos últimos dois anos, Pollack se debruçou sobre a origem de 30 quadros expostos no Louvre em 2017, além de ficar responsável por uma “mini-coleção” de 1 700 obras saqueadas pelos nazistas durante a Guerra e devolvidas à França após o conflito, e que estão listadas na categoria de Musées Nationaux Récupération e ainda não foram reivindicadas por herdeiros. Um porta-voz do Louvre disse à publicação que a “parceria com a Sotheby’s diz respeito a obras que estão nas coleções do Louvre, não no MNR.”, indicando que a instituição pretende expandir suas investigações para outras peças.
Além dessas iniciativas, na próxima quinta-feira, 27, o documentário de 2021 O Mercado de Arte Durante a Ocupação, que compila os achados de Pollack, será exibido no “Dia Internacional do Cinema Sobre a Arte” — um evento criado pelo Louvre como parte da parceria com a Sotheby’s. Pouco depois, no dia 2 de fevereiro, o museu promove um “dia de estudos” sobre a “cadeia de transferência de propriedade de obras e objetos culturais à luz da ocupação alemã e das leis de Vichy”. Outros tópicos abordados incluem “compras em leilão público pelo Departamento de Antiguidades do Egito entre 1933 e 1945.