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Livro reúne cartas entre Drummond e Cyro dos Anjos

Por AE São Paulo – Dois compadres mineiros, aproveitando os fortes laços de amizade, trocaram confidências por cartas que seriam apenas amenidades não fossem eles os escritores Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e Cyro dos Anjos (1906-1994). Companheiros de geração, conheceram-se jovens no final da década de 1920, em Belo Horizonte, onde Drummond era editor […]

Por Da Redação
27 jun 2012, 10h05
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  • Por AE

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    São Paulo – Dois compadres mineiros, aproveitando os fortes laços de amizade, trocaram confidências por cartas que seriam apenas amenidades não fossem eles os escritores Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e Cyro dos Anjos (1906-1994). Companheiros de geração, conheceram-se jovens no final da década de 1920, em Belo Horizonte, onde Drummond era editor do Diário de Minas, no qual Cyro, futuro autor de “O Amanuense Belmiro”, ingressava como redator.

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    Entre 1931 e 1986, os amigos trocaram 163 textos, entre cartas, bilhetes, telegramas, radiogramas e cartões-postais. Mais que novidades, compartilharam confissões pessoais e literárias que, por serem tão íntimas, nunca figuraram em nenhuma de suas obras. Essa é uma das principais atrações do livro “Cyro & Drummond”, compilação da correspondência entre os dois autores que a editora Globo lança na próxima semana, durante a Festa Literária Internacional de Paraty, que vai homenagear justamente Drummond.

    “As cartas revelam que Cyro foi o escritor com quem Drummond se sentiu mais à vontade para atravessar as barreiras da formalidade e da discrição”, observam, no prefácio, os organizadores Wander Melo Miranda e Roberto Said. “Essa amizade, calcada em afinidades profundas, cria condições especiais para que ambos se exponham francamente.”

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    De fato, chegam a surpreender algumas críticas reveladas por Drummond em relação aos seus pares. Em 1953, por exemplo, ao colocar o amigo a par dos acontecimentos literários do ano, o poeta, como bem notam os organizadores, estabelece linhas divisórias de suas preferências e, principalmente, de suas antipatias literárias. Escreveu Drummond: “O arraial das Letras anda muito alvoroçado com os últimos produtos do engenho nordestino, que são uma tragédia da Raquel, onde os personagens se matam a metralhadora em cena aberta, e o romance do Zé Lins, que teve a habilidade de descobrir novos palavrões, ou acepções novas dos antigos, para ornamentar a sua prosa tão límpida (a publicação no Cruzeiro sairá expurgada)”, comenta o poeta, referindo-se à peça “Lampião”, publicada naquele ano por Rachel de Queiroz, e ao romance “Cangaceiros”, de José Lins do Rego.

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    Em seguida, ele detalha sua opinião: “O livro da Raquel, pelo menos, tem o mérito de uma linguagem saborosa, mas falta-lhe qualquer resquício de interesse psicológico, pois a alma de Lampião e de seus cabras é tão elementar como a do Zé Lins. Já o livro deste lucraria em arte se fosse escrito pelo próprio Lampião. O que me impressiona verdadeiramente, depois de tantos anos de residência no Rio e de conhecimento da turma, é o entusiasmo causado por qualquer produto daquela região, que faz noticiaristas e críticos avulsos babarem de gozo, enquanto o mais absoluto silêncio envolve uma obra do quilate do Romanceiro da Inconfidência, da Cecília (Meireles). É exato que, no caso desta, se trata de dama difícil, mas ao menos em homenagem à beleza, que é evidente até para os calhordas, eles deviam cair de queixo diante dela”.

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    Drummond não se voltava contra os colegas, mas criticava suas obras, exibindo uma coerência de opinião ao revelar sua visão estética e política do mundo. Na troca de cartas, é possível observar como Cyro dos Anjos comporta-se como discípulo do amigo poeta, mesmo quando passa uma temporada no México por conta das obrigações como diplomata. “Drummond serve-lhe como guia, modelo, uma espécie de interlocutor secreto pulsando nas tramas de sua escrita”, observam os organizadores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

    CYRO & DRUMMOND

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    Editora: Globo (328 págs., R$ 49,90)

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