IMPERDÍVEL: Padres e vampiros compõem filme de Marco Bellocchio
‘Sangue do Meu Sangue’ saiu premiado do Festival de Veneza
Ao cometer suicídio, um padre perde o direito de ser enterrado no cemitério da igreja. A ideia de vê-lo perecer ao lado de pecadores deixa a mãe do rapaz atordoada. Para contornar a situação, o irmão gêmeo do eclesiástico tenta convencer os líderes da igreja a mudarem de opinião – eles, por sua vez, precisam que uma freira confesse ter seduzido o padre morto através de um pacto com satã. Se assim acontecer, ele será absolvido.
O clima sombrio, conduzido pelas muitas penalidades sofridas pela religiosa e a tensão sexual trazida pelo irmão guiam a primeira parte do filme Sangue do Meu Sangue, do renomado diretor italiano Marco Bellocchio, premiado no Festival de Veneza em 2015.
A partir da segunda parte, o longa ganha outros contornos. A seriedade sai para dar lugar à ironia. Nos tempos atuais, um vampiro milionário se aproxima de seu fim. Antes, ele encara a histeria de uma ex-mulher, um fiscal corrupto e uma celebridade russa que tenta comprar o antigo mosteiro onde ele vive.
Tentar conectar as duas histórias é perda de tempo. São poucas e quase imperceptíveis as ligações entre as tramas – como detalhes de textura de roupas, ambientação e alguns atores que se repetem, além do nome Federico. A conexão mais óbvia feita pelo cineasta é a exploração humana, ancorada em poderes banais, como religioso ou financeiro. A representação de duas Itálias dissolvidas pelo tempo também encanta com cenários rodados na pequena comuna de Bobbio, onde Bellocchio nasceu.